Varejo

Comércio na reta final para salvar o ano

A duas semanas do Natal, comerciantes fazem de tudo para atrair clientes, na tentativa de ao menos fechar 2015 no "empate"

Raissa Ebrahim
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Raissa Ebrahim
Publicado em 11/12/2015 às 9:55
Foto: Edmar Melo/JC Imagem
A duas semanas do Natal, comerciantes fazem de tudo para atrair clientes, na tentativa de ao menos fechar 2015 no "empate" - FOTO: Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Atingir o empate nas vendas deste fim de ano vem sendo encarado como lucro pelos comerciantes do Centro do Recife, que preveem um dos Natais mais magros das últimas décadas. Alguns já dão 2015 como perdido.

A movimentação nas ruas do Centro continua fraca para um mês de dezembro, mas há esperança que o fluxo melhore na segunda quinzena. É para isso que lojistas e funcionários que gritam as ofertas ao microfone trabalham – enquanto os clientes, muitos inadimplentes e estrangulados com os juros, percorrem as ruas em busca dos melhores preços.

O ano de 2015 foi uma grande Black Friday. As ofertas foram característica quase permanente do comércio durante o período. No Centrão, muitas lojas sequer tiraram as faixas e os banners da liquidação da sexta 27 de novembro. A expectativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é que as vendas deste Natal registrem a primeira queda em 11 anos, de quase 5%.

A gerente das Lojas Emanuelle da Rua Nova, no bairro de Santo Antônio, Rosilândia Batista, diz que o fim de 2014 já anunciava a mudança, mas, ainda assim, conseguiu-se atingir mais de 80% das metas do Natal. Neste ano, porém, a situação piorou bastante. “Dezembro ainda não começou”, brinca ela, na empresa há 28 anos, lembrando que o movimento do feriado de terça-feira (8) foi fraco, contradizendo a alta histórica das vendas na data. A queda ficou entre 20% e 25% em relação ao feriado de 2014. A gerente acrescenta que de 20 pessoas interessadas em fazer o cartão das Lojas Emanuelle, que costumam impulsionar as vendas, somente sete têm o cadastro aprovado.

O ano também foi marcado pela mudança no perfil da inadimplência. O desemprego – e não mais o descontrole – passou a ser o principal motivo da não quitação dos débitos. Pesquisa divulgada na quarta (9) pelo SerasaConsumidor mostra que 26% dos inadimplentes apontaram a perda do trabalho como principal explicação para a inadimplência. O descontrole financeiro ficou em segundo lugar (17%).

Para driblar a conjuntura, as lojas estão mantendo as promoções. Na Emanuelle, por exemplo, camisas de R$ 40 e R$ 50 continuam sendo comercializadas por R$ 19,90. O gerente da Casa Pio da Rua Nova, Gutemberg Chagas, na empresa há 31 anos, destaca que, mesmo com as ofertas, “o cliente está pensando muito para comprar, e adquirindo só o necessário”. Ele calcula que o tíquete médio caiu 10% em relação a dezembro do ano passado.

Neste ano, a Casa Pio não demitiu. O quadro de funcionários cresceu 20% com a contratação de temporários (em 2014, esse percentual havia sido de 50%). Mas o gerente adianta que pode haver enxugamento de quadro no início de 2016, o que é comum para a época. “O ano já está perdido”, diz Gutermberg. A loja deve fechar o período com retração anual de 5%. “Não dá mais para recuperar”, sentencia.

Diferentemente da Emanuelle, a loja vendeu bem no feriado do dia 8. O gerente diz que se surpreendeu com a performance da data. “Mas é um dos Natais mais fracos que já vi em relação à agitação dentro das lojas”, avalia.

Quem vende produtos mais baratos, no entanto, não tem muito do que reclamar. Ana Cristina Nascimento, por exemplo, afirma que o ano está melhor na Neo Variedades, pequena loja especializada em bijuterias e artigos de celular. Isso porque as “lembrancinhas” deram o tom dos presentes o ano todo, o que deve se repetir neste Natal.

Muita gente, aliás, sequer vai presentear parentes e amigos. A comerciante Maria Jacilene, conta que a firma neste ano não fará amigo secreto. “Estou comprando só o necessário mesmo e tentando pagar à vista. Afinal, no cartão, uma hora a conta chega”, ensina.


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