Num 2015 em que o Brasil enfrentou a maior recessão dos últimos 25 anos, a agropecuária foi a única responsável por um bom desempenho na produção. Em Pernambuco e no País, a atividade cresceu e contribui para atenuar a queda no Produto Interno Bruto (PIB). Em âmbito nacional a expansão foi de 1,8% e no Estado chegou a 5%. Os números locais foram divulgados na última quarta-feira pela Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas (Condepe/Fidem), mostrando uma redução de 3,5% no PIB estadual.
Os produtores do Vale do São Francisco aproveitaram a alta do dólar e as janelas de exportação para destinar um percentual maior da produção para o mercado externo. As exportações já chegaram a representar 70% das vendas, mas a valorização do real e o aquecimento da economia interna inverteu esse percurso. Agora, com a mudança de cenário, os empresários conseguiram destinar metade da produção para comercializar lá fora.
Na balança comercial de Pernambuco em 2015, a uva e a manga aparecem em sétimo e oitavo lugar, respectivamente, como os principais produtos da pauta de exportações. Os embarques de uva registraram crescimento 14,8%, com o faturamento saltando de US$ 48,4 milhões para US$ 55,5 milhões. Já a vendas externas de manga subiram 3%, saindo de US$ 51,2 milhões para R$ 52,7 milhões.
“Na lista das culturas de lavoura permanente no Estado, a uva tem um peso de 37,1% e a manga de 36,6%, sendo as duas culturas mais importantes entre as sete pesquisadas. A produção de manga avançou 9,6% e a de uva 0,3%”, observa o presidente da Condepe/Fidem, Flávio Figueiredo.
PECUÁRIA
Depois de enfrentar um período de estiagem prolongada, na maior seca dos últimos anos, a pecuária pernambucana também viveu um ano de recuperação em 2015. A produção de leite cresceu 9,3% e a de ovos aumentou 8,3%. A avicultura e a pecuária de leite sofreram os efeitos perversos da seca entre 2011 e 2014. O ano mais crítico para a agropecuária foi 2012, quando o encolhimento na produção foi de 24,4%, um dos mais significativos da história da atividade em Pernambuco.
O setor sucroalcooleiro foi outro que se beneficiou da virada na cotação do dólar. A produção de cana-de-açúcar, que tem peso de 59,3% entre as oito principais culturas da lavoura temporária, cresceu a produção em 4,2%.
“Esse desempenho no campo se refletiu na indústria, com o setor alimentício sendo o único a apresentar crescimento na indústria de transformação”, destaca o Gerente do Núcleo de Economia e Negócios Internacionais da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Thobias Silva. O ramo de produtos alimentícios apresentou 9,7% de aumento na produção, graças a produção de açúcar cristal e VHP para exportação.