Os últimos meses vêm trazendo alívio aos comerciantes de carros, com aumento na venda de seminovos e usados. Mesmo em meio à crise atual, foram vendidos no País, em março, 1.085.495 veículos – entre automóveis, motos, caminhões e ônibus. Os números são da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto) e representam uma alta de 15,4% em comparação com fevereiro. Apesar de positivo, ainda há muito a ser feito para fazer as vendas se manterem em expansão.
Leia Também
Segundo a federação, nos primeiros três meses de 2016, os números ficam em -4,4% em comparação ao mesmo período de 2015. O presidente da Fenauto, Ilídio dos Santos, diz que o momento é de cautela. “A entidade vem acompanhando de perto o comportamento dos consumidores que ainda se mostram cautelosos em assumir compromissos a longo prazo e com maior valor de desembolso em vista das indefinições da economia”, afirma.
Outras associações confirmam o movimento positivo nos últimos meses. A estimativa para o mês de março da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) é semelhante à da Fenauto, de 13,82% (com venda de 1.084.387, sendo 689.188 mil carros e 240.114 motocicletas no mês passado).
Em Pernambuco, a Associação dos Revendedores de Veículos Automotores de Pernambuco (Assovepe) fala em aumento de até 20% entre o mês passado e fevereiro.
“O mercado está muito retraído, mas começou a esquentar em março, quando o cliente viu que houve alinhamento de preços, com oportunidades de descontos. A procura é por carros com até três anos de uso. Está ocorrendo a reavaliação por causa da crise econômica e o aumento de 7% nos 0km desde janeiro deste ano com lançamento da linha 2017”, relata o presidente da Assovepe, Antônio Selva.
No Shopping do Automóvel, o seminovo representa 90% das vendas. No local, há 1.500 veículos a mostra. Para o diretor de Marketing do espaço, Carlos Nunes, o consumidor tem muitas vantagens na hora de optar pelo usado. “A procura é por carros completamente equipados, com jogo de rodas e ar-condicionado, por exemplo, emplacados e com garantia. Isso tudo ajuda o motorista a economizar. Fora os preços, que são mais baratos. Quem comprava carro novo, hoje está voltando a comprar usado, porque o benefício é grande”, acredita.
Para o dono da loja Império, André Albuquerque, as vendas ainda estão travadas por causa do rigor dos bancos em oferecer financiamentos aos clientes. “Devido ao momento de crise econômica, os bancos não estão emprestando para todo mundo. De vez em quando, uma pessoa com uma pequena dívida vai parar no Serasa e fica impedida de pegar o dinheiro. Além disso, os juros estão altos. Algumas instituições estão formulando novas linhas de crédito para contemplar essas pessoas que não necessariamente são maus pagadores”, diz.
A esperança é de que as vendas continuem crescendo. Para isso, os revendedores estão apostando nos usados. “Percebi que a procura pelo seminovo aumentou 70% desde julho do ano passado. É este movimento que me mantém otimista. Há alguns empecilhos com financiamento, mas houve melhoras. Estamos comprando usados quase todo dia, negociando o melhor preço para atender à demanda”, relata o proprietário da Zito Multimarcas, Alexandre Nunes.