CONSUMIDOR

Falta dinheiro em caixas eletrônicos na Região Metropolitana do Recife

Disputa sindical entre vigilantes de transporte de valores leva à paralisação que já dura sete dias

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Publicado em 16/04/2016 às 6:03
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O administrador Sérgio Leitão, 39 anos, percorreu mais de seis quilômetros antes de conseguir tirar dinheiro da sua conta bancária. Na tarde desta sexta-feira (15), ele tentou em sete pontos de caixas eletrônicos da rede Banco24Horas na Zona Sul do Recife, sem sucesso. Só conseguiu sacar em uma agência de seu banco. Sérgio ainda não sabia, mas a escassez é reflexo de uma paralisação dos vigilantes que trabalham com transporte de valores.

Parte da categoria não está abastecendo as unidades de autoatendimento do Estado desde segunda-feira passada (11), como reflexo de uma disputa sindical entre os trabalhadores que não tem previsão para ser resolvida.

O movimento tem à frente o Sindicato dos Trabalhadores Vigilantes de Empresas de Transporte de Valores e Escolta Armada (Sindiforte). Criada em dezembro, a entidade aguarda a carta sindical, documento que oficializa sua representatividade junto à categoria que quer representar. Contudo, afirma que já conta com cerca de 350 associados, que deixaram o sindicato anterior por insatisfação com a gestão e aderiram à paralisação.

Segundo o vice-presidente do Sindiforte, Marco Aurélio Soares, as empresas não atenderam à pauta de recomendações, que tem entre os itens reajuste de 20%, acréscimo de R$ 25 no tíquete alimentação, plano de saúde e o fim do banco de horas. Ele diz que não há previsão de volta das atividades, uma vez que os empresários não querem negociar. “Vai faltar dinheiro em todos os bancos, no Recife e no interior”, alertou.

Já o Sindicato dos Vigilantes de Pernambuco (Sindesv) diz que não há margem para novas rodadas de negociação,  uma vez que já foi  fechada a convenção coletiva deste ano, com reajuste de 12% e R$ 2 de aumento no tíquete. “Foram condições aprovadas em assembleia”, assegura o presidente do Sindesv, Cassiano Souza, ao acusar o Sindiforte de ser uma iniciativa isolada com fundo partidário, sem reconhecimento oficial. Segundo o Sindesv, há cerca de 600 vigilantes de transporte de valores no Estado e somente uma pequena parte teria aderido ao novo sindicato.

A paralisação também tem gerado conflitos. Na sexta (15) à tarde, vigilantes que faziam piquete em frente à empresa Preserve, no bairro da Boa Vista (área central do Recife), próximo à Unicap, entraram em confronto com a Polícia Militar. Trabalhadores presentes no local fizeram relatos de excesso de violência e mostraram marcas de tiros de bala de borracha no corpo. Um vídeo enviado ao JC também mostra que houve explosão de bombas de efeito moral. A Polícia Militar informou que está acompanhando o caso.

Na quinta-feira (14), a categoria fez uma caminhada no início da tarde, através da Rua Quarenta e Oito, no bairro do Espinheiro (Zona Norte) até a Avenida Norte, passando pelo centro da cidade.

CONSUMIDOR - A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que “cada instituição financeira que define os procedimentos de abastecimento dos ATMs junto às empresas de transporte de valores contratadas por elas”. A rede Banco24horas também foi procurada pelo JC, pois chegaram à reportagem diversas reclamações de desabastecimento  em suas  unidades. A empresa disse apenas que “alguns caixas” no Recife estariam com o problema. “O cliente  pode usar o aplicativo Busca Banco24Horas para smartphones ou tablets, que indica o terminal mais próximo disponível para uso. O download é gratuito e está disponível para Android, iOS e Windows Phone”, informou a companhia.

Gerente de Fiscalização do Procon Pernambuco, Fávio Sotero explica que o caso não é simples. Ele lembra que o movimento é de greve, uma prerrogativa legal da categoria e que deve ser alisado pelos órgãos competentes, inclusive porque contém questões relativas à segurança de consumidores e empregados dos bancos e das transportadoras de valores.

Todavia, ele orienta que o consumidor procure as instituições financeiras em que têm conta para fazer saques em terminais de autoatendimento ou caixa convencional; além de preferir meios alternativos de pagamento, como cartões de débito e crédito.

É o que Sérgio Leitão vai fazer. “Pegar dinheiro, só em último caso”, diz o administrador.

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