Energia elétrica

Aprenda a economizar para não comprometer o orçamento com o aumento da conta de luz

Aumento acontece a partir desta sexta-feira (29)

JC Online
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Publicado em 27/04/2016 às 9:26
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Aumento acontece a partir desta sexta-feira (29) - FOTO: Foto: Internet/Reprodução
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Economizar energia volta a ser uma necessidade para minimizar o impacto do aumento da conta de luz, que será de 11,50% para os consumidores residenciais, incluindo os de baixa renda. O reajuste foi definido ontem pela diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em Brasília e vai entrar em vigor na próxima sexta-feira, dia 29.Foram estabelecidos percentuais diferentes dependendo do tipo de consumidor. O menor percentual foi de 5,92% para as indústrias de médio porte. O maior ficou em 14,87% e será cobrado aos clientes rurais.

O lado cruel do aumento da energia é que isso traz impacto para toda a cadeia produtiva, aumentando os custos do comércio e da indústria e retroalimentando uma velha conhecida que corrói os salários e aprofunda a crise: a inflação. 

A alta do custo de vida oficial do Brasil é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que registrou uma variação de 9,39% nos últimos 12 meses, num período que se encerrou em março último. 

O aumento da conta de energia reflete vários fatores. O primeiro é a própria inflação, que está em alta. O segundo é o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), usado para corrigir o contrato de concessão da Celpe, e que ficou em 11,56% nos últimos 12 meses. Os outros fatores são variáveis tão diversas como o custo da geração de energia, as despesas que ocorreram com as térmicas em 2013 e 2014 por causa da falta de água nos reservatórios das hidrelétricas e os encargos setoriais (uma espécie de taxa cobrada na conta de todos os brasileiros).

O efeito médio do reajuste da Celpe foi de 9,99%, quando se somam os reajustes dos consumidores de alta tensão (com uma média de 6,77%) e os da baixa tensão, que tiveram um reajuste médio de 11,66%. 

Somente o preço da compra de energia registrou uma variação de 13,55% em relação à tarifa de 2015. Esse item resultou num impacto de 7,16% no reajuste para os pernambucanos. 

Já a compra da energia gerada pela Termopernambuco foi responsável por 2,93% desses 7,16%. Instalada em Suape, essa térmica também pertence ao Grupo Neoenergia, o dono da Celpe. “A Termopernambuco representou quase 40% do impacto que a compra de energia teve no reajuste”, diz o membro do Instituto Ilumina Nordeste, Antonio Feijó.

Os encargos setoriais tiveram uma alta de 11,37% em comparação com os valores referentes a 2015 e um impacto médio de 1,65%. Somente o Encargo de Energia de Reserva contribuiu com 2,05% do atual aumento médio da Celpe. Também foram retirados encargos financeiros (dos empréstimos tomados para bancar uma parte das térmicas), que tiveram um impacto de -4,42%. 

O atual aumento também anula o alívio que deveria ocorrer com a entrada da bandeira verde – implementada a partir de 1° de abril –, que deveria trazer uma redução de 3,7% na conta dos pernambucanos. Essa “folga” será sentida apenas por 28 dias. 

Também chama a atenção o percentual da conta de luz que fica com os governos: 40%. O governo do Estado fica com 22,9% via Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços; 5,5% é o PIS/Cofins recolhido pela União e 12% são encargos setoriais, também cobrados pela União.

Manutenção evita desperdício - Prestar atenção aos equipamentos da casa ou escritório é o primeiro passo para quem deseja economizar na conta de luz. “O ar-condicionado e a geladeira são os eletrodomésticos que mais causam impacto no consumo. A primeira dica é adquirir equipamentos que tenham os selos Procel ou A, do Inmetro”, explica o gerente da Celpe, Evandro Simões. Segundo ele, só a partir de junho o consumidor vai sentir o reajuste integralmente. 

Para evitar desperdício em tempos de energia cara, é necessário atentar para a manutenção dos eletrodomésticos. No caso do ar-condicionado, por exemplo, é preciso limpar sempre os filtros. Sem esse cuidado, o aparelho gasta mais energia para deixar a temperatura amena. A borracha da geladeira é outra que merece atenção, para que o equipamento esteja sempre bem vedado. Caso contrário, a temperatura interna do eletrodoméstico sobe e o compressor trabalha mais, consumindo uma quantidade maior de energia.

Apesar de mais caras, as lâmpadas de LED são 80% mais eficientes do que as incandescentes e até 30% mais econômicas do que as fluorescentes compactas. “No caso da de LED, o preço alto da compra é compensado pela economia”, diz Evandro. 

Assim como o consumidor residencial, a cadeia produtiva também é diretamente afetada pelo reajuste da energia. “Esse aumento é mais um problema para o varejo. Não vamos conseguir repassá-lo aos consumidores com as vendas deprimidas. É uma situação muito difícil”, diz o diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-Recife) e presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Recife, Frederico Leal. Consultora da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Conceição Cavalcanti diz que o aumento da energia pesa muito para a indústria nesse momento. “É menos dinheiro circulando no bolso do consumidor, que vai comprar menos”, resume. 

O aumento da conta de luz pode afetar outras tarifas, como a de água, já que a Compesa é uma grande consumidora de energia. Ontem, a estatal não se pronunciou.

Para se ter uma ideia do efeito em cadeia desse reajuste, em condomínios residenciais, a fatura de água representa 30% das contas, segundo o presidente do Sindicato da Habitação de Pernambuco (Secovi), Elísio Correia Júnior.

Área rural sofre maior impacto - Empresários das áreas rurais do Estado são os mais afetados pelo aumento na energia. O reajuste da Celpe foi de 14,87% para a classe de consumo B2, que inclui os setores da agropecuária, cooperativa de eletrificação, indústria rural e serviço público de irrigação.

A energia elétrica é o item com que os produtores rurais mais gastam. Para os de pequeno porte, representa 60% dos custos para irrigação. As empresas de médio e grande porte, como indústrias de suco, vinho e de processamento de frutas também utilizam o recurso para conservar e embalar os produtos. 

Para o presidente da Associação dos Produtores e Exportadores de Frutas do Vale do São Francisco (Valexport), José Gualberto, o aumento é injusto. “Ano passado, as bandeiras e as tarifas deixaram a luz muito cara. Agora, a regulamentação do aumento de 14,87% é uma prova de que o governo não liga para a agricultura. Além de ser o serviço mais caro, é o pior. Basta ventar para ficarmos no escuro por dois, três dias”, lamenta. 

José Gualberto afirma ainda que o exportador local fica em desvantagem em comparação com os concorrentes internacionais. “As empresas do exterior recebem benefícios para atuar. O campo dá equilíbrio social, só o governo estadual e federal não veem isso.” 

O Vale do São Francisco, região que engloba cidades de Pernambuco, Bahia, Sergipe, Alagoas e Minas Gerais, possui três mil produtores, sendo 80% deles de pequeno porte, de acordo com a Valexport.

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