Cinco empresas deixaram de integrar o Complexo Industrial Portuário de Suape desde o ano passado, quando a crise econômica se agravou. Os projetos comandados pela Petrobras ou que dependem da empresa, como a Refinaria Abreu e Lima, o polo naval e a PetroquímicaSuape, sentem os impactos da operação Lava Jato e do plano de desinvestimento da estatal. As obras que vão melhorar a infraestrutura do porto aguardam há três anos para serem incluídas nos lotes de licitação do governo federal. Essa é a conjuntura em que Suape se encontra atualmente.
“Do ponto de vista da atração de investimentos, nos últimos 60 dias pode-se dizer que as empresas apertaram o botão de pausa, em função das incertezas do cenário político. Essa conjuntura também atrapalha o andamento das licitações. Se Michel Temer assumir a Presidência da República, vamos ter que começar as discussões praticamente do zero com os novos ministros da Secretaria Especial de Portos (SEP) e da Integração Nacional”, observa o presidente do Complexo de Suape e Secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Thiago Norões.
O porto tem quatro projetos de licitação esperando sair da gaveta da SEP, desde que foi criada a nova Lei dos Portos em 2013. A regulação tirou a autonomia dos Estados para realizar suas próprias licitações portuárias. Suape tem na lista um segundo terminal de contêineres, um pátio público de veículos, um terminal de grãos e um terminal de granéis sólidos. Segundo a diretoria de Suape, a SEP tem previsão de licitar o Tecon 2 no segundo semestre deste ano. Os demais terminais ainda não têm data anunciada.
A limitação do Tesouro Estadual em função da crise fez encolher a capacidade própria de investimento no porto. Do Orçamento Geral da União não houve repasse no ano passado nem existe expectativa de liberação de recursos. A previsão para 2016 é de um orçamento próprio de R$ 118 milhões, bem abaixo da média de R$ 300 milhões aplicada no complexo nos últimos anos.
A operação da Refinaria Abreu e Lima (mesmo que abaixo de sua capacidade completa de processamento) está contribuindo para alavancar a movimentação de cargas do porto. Se a alta do dólar e redução da atividade econômica derrubaram a movimentação de cargas em contêiner, o transporte de petróleo e derivados faz crescer a movimentação.
Norões acredita que este ano o volume movimentado deverá alcançar 25 milhões de toneladas, superando em 26,9% o resultado de 2015. O crescimento também vai se refletir no faturamento do porto. “Esperamos um aumento de 20% sobre o resultado financeiro de R$ 149,4 milhões que obtivemos em 2015”, calcula Norões. Se a Rnest estivesse operando seus dois trens (etapas), a previsão era de que Suape movimentasse 50 milhões de toneladas em 2017, mas o segundo trem só deverá ser concluído em 2019.
Confira o especial publicado em 2015 sobre a crise em Suape:
https://especiais.jconline.ne10.uol.com.br/documento-suape-2015/