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Oficinas mecânicas lucram com a chuva

Sindicato de Reparação Automotiva estima que demanda cresce 20% com problemas causados por temporais

Da editoria de economia
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Publicado em 02/06/2016 às 8:30
Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
Sindicato de Reparação Automotiva estima que demanda cresce 20% com problemas causados por temporais - FOTO: Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
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As fortes chuvas que atingiram a Região Metropolitana do Recife (RMR) na segunda-feira trouxeram muitos prejuízos para os proprietários de veículos e muito trabalho para os donos de oficina. Quem não tinha outra alternativa de transporte e precisou enfrentar as ruas alagadas acabou pagando um preço alto depois: desgaste de pastilhas de freio, pane elétrica e problemas no motor. O Sindicato de Reparação Automotiva (Sindirepa) em Pernambuco, que reúne 150 empresas no Estado, estima que no período chuvoso a demanda cresce 20%. 

O problema mais frequente é o calço hidráulico, que acontece quando a água entra na câmara de combustão, onde a gasolina é queimada e transformada em energia. A água dificulta o trabalho do pistão de misturar o material. Por isso, a biela, que está acoplada a esta peça, empina. O custo para resolver esse problema varia entre R$ 2.500 e R$ 10 mil. 

“O calço hidráulico é sazonal, só acontece em épocas de chuvas. Fora isso, aumentam os problemas na embreagem, porque as pessoas passam a andar na primeira marcha para passar na via, as pastilhas e lonas do freio ficam desgastados, aumentam as pequenas colisões e muitos outros transtornos”, afirma o presidente da Sindirepa, Pedro Paulo de Medeiros. 

O gerente de Compras da oficina Abelardo, José Guilherme Cardoso, confirma o aumento da movimentação. O centro de reparos, que fica na Avenida Sul, bairro de São José, não funcionou na segunda-feira, porque a via ficou alagada. Porém, até a quarta-feira à tarde, recebeu cinco carros com problemas referentes à água. “Aumentou em 30% a demanda. Pode ter certeza que, se chover, vai ter muito trabalho depois. Recebemos até um caso de calço hidráulico em que o pistão e a biela romperam. É um grande custo para o dono”, diz o funcionário.

Na oficina ao lado, os sócios Claudemir dos Santos e Valério Virtuoso tinham trabalho de sobra. O primeiro é mecânico e cuidava da parte de injeção eletrônica, enquanto o outro consertava para-choques e fazia pinturas. “A demanda aqui aumentou 30%. Chegaram quatro veículos com problemas elétricos. Também socorri dois motoristas que não conseguiram continuar o caminho”, relata Claudemir. “As pessoas ainda costumam ter problemas com para-choque solto e desgaste no lameiro. Além disso, tem que pintar. O conserto fica em torno de R$ 80. Já a pintura, R$ 200”, afirma Valério. 

Somado ao prejuízo financeiro, o condutor ainda sofre com o carro parado na oficina. No caso do calço hidráulico, são de 3 a 5 dias para o conserto. O empresário André Luiz Monteiro, 39 anos, teve que locar um carro para se locomover, porque o seu está na oficina. “À noite, pensei que a água havia baixado, por isso saí da Imbiribeira para fazer compras no supermercado em Boa Viagem. Me enganei e fiquei no meio do caminho. Tive que alugar um carro para me locomover. O meu prejuízo foi de R$ 1.300”, lamenta. 

A recomendação para não ter problemas é deixar o veículo em casa. “As pessoas devem procurar outras formas de locomoção, porque andar de carro pode gerar muitos problemas, até de ordem elétrica, como entrar água na buzina, disparar o alarme ou danificar câmeras de ré. Motos também sofrem com o mesmo problema de calço hidráulico É mais difícil, mas acontece”, afirma o gerente da Sol Equipadora e Peças, em Santo Amaro, Centro do Recife, Antonio Carlos dos Anjos, que viu o movimento crescer 20%.

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