Pelo segundo ano seguido, os alunos da rede municipal de ensino do Recife ganharam o título de campeões estaduais de robótica. Na final da fase estadual da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), dentro da programação da Campus Party Recife (CPR), na tarde deste domingo (21), as equipes da Escola Municipal Paulo VI, Escola Municipal da Iputinga, Escola Municipal Rodolfo Aureliano (campeã brasileira de 2015) e Escola Municipal de Tejipió ficaram em primeiro, segundo, terceiro e quarto lugares, respectivamente. Os quatro times vão disputar a fase nacional da olimpíada, que acontece em outubro, também na capital pernambucana. Neste último dia de Campus Party, também conhecemos os projeto campões do maratona de programação Hacker Cidadão. As vencedoras foram as equipes Bike Data, iChoveu e Seco, que desenvolveram programas baseados na plataforma de Dados Abertos da Prefeiura do Recife.
De sexta (19) até este domingo, os 330 estudantes das 84 equipes de 32 escolas da rede municipal de ensino do Recife foram o grande destaque da etapa local da OBR, tendo conquistado todas as 11 vagas para a fase final do nível 1 (Ensino Fundamental) da competição, desbancando equipes de outras redes municipais, estadual e privada, como os times do Colégio Apoio, Santa Emília e Santa Maria. No total, 109 grupos disputaram o nível 1. Pernambuco é o único estado com quatro equipes classificadas para a fase nacional (os demais estados têm três times) porque a Escola Municipal Rodolfo Aureliano já tinha vaga garantida por ter sido a campeã brasileira de 2015, além de ter ficado em oitavo lugar na RoboCup, campeonato mundial de robótica disputado no mês passado, na Alemanha.
Além do destaque no nível 1, a Prefeitura do Recife ainda chegou à final entre as 207 equipes do nível 2 (Ensino Médio) com ex-alunos que foram da equipe campeã brasileira de robótica em 2015 e este ano competiram pela Unidade de Tecnologia na Educação (Utec) Gregório Bezerra, onde atualmente atuam como monitores. Maryllia Willyane Félix, Ryan Vinícius Morais e Estevão Pereira ficaram em 3º lugar no nível 2, atrás da Escola Estadual Escritor José de Alencar, de Paulista, que sagrou-se vice-campeã estadual, e do Colégio Visão, da Estância, que ficou com a segunda colocação. Os três times garantiram vaga na fase nacional.
"A fase estadual da OBR 2016 mostra a evolução do Programa Robótica na Escola. Não apenas fomos campeões mais uma vez, como vimos que todas as vagas da fase final do nível 1 foram conquistadas por equipes de escolas municipais do Recife. Resultados como este evidenciam o sucesso do programa, que faz mais de 73 mil alunos aprenderem como se estivessem brincando. Nossos estudantes e professores que abraçaram esse projeto estão de parabéns", disse o secretário de Educação do Recife, Jorge Vieira.
O campeão do nível 1 Eriky Arcanjo, 13 anos, do 8º ano da Escola Municipal Paulo VI, localizada na Linha do Tiro, faz aula de robótica há mais de um ano e, há quatro meses, treinava com foco na OBR. “Estou muito feliz com essa vitória. Com nossa garra, mostramos que qualquer escola pode ganhar uma olimpíada. O que mais gosto da escola é a robótica. Eu já era bom em matemática e, por causa da robótica, passei a estudar mais ainda”, disse o menino, que foi campeão junto com Ítalo Vitor Oliveira, 13. Os robôs de Lego montados e programados por eles e pelos demais participantes tinham até cinco minutos para percorrer uma pista repleta de rampas e obstáculos. O principal objetivo era capturar três bolas e despejá-las num local determinado.
Os professores e estagiários que ajudaram a treinar a equipe campeã também não conseguiram conter a alegria com os resultados conquistados. “Com a robótica, esses meninos melhoraram de comportamento e passaram a estudar e participar mais das aulas. No treinamento pras olimpíadas, nós professores trocamos muitos conhecimentos com os alunos”, contou o professor de Ciências da Paulo VI, Ricardo Leão, que passou a associar a robótica aos conteúdos de ciências e geografia.
ROBÓTICA HUMANOIDE – Além de dar show em robótica de encaixe na OBR, o Programa Robótica na Escola da PCR também dividiu com o campuseiros os conhecimentos em robótica humanoide. Vinte e seis vagas foram disponibilizadas para quem quisesse aprender a programar os robôs humanoides NAO, em uma oficina na Sala de Inclusão Digital, na manhã deste domingo. A Secretaria de Educação do Recife disponibilizou 12 robôs para que os oficineiros conhecessem o aplicativo que rege o NAO e conseguissem gerenciar suas funções básicas como falar, andar e mexer a cabeça. O público também ficou por dentro dos conceitos matemáticos que balizam o princípio da programação humanoide.
As estudantes Kallinfen Lohaynne, 23, e Kelly Luanda, 18, aproveitaram bastante a oficina ministrada pela professora Simone Zelaquete. As duas estudam programação e queriam aprofundar mais os conhecimentos sobre o robô. “Eu quero continuar na área de rede de computadores e achei bem interessante esta oficina. Fiquei com vontade de aprender mais”, comentou Kelly.
HACKER CIDADÃO – Além das atividades ligadas à robótica, a Prefeitura do Recife promoveu diversas ações durante as 24 horas de Campus Party Weekend. Palestras e maratonas de programação fizeram parte das atividades ofertadas pela PCR através das Secretarias Municipais de Educação, Meio Ambiente e Sustentabilidade; Turismo e Lazer; Fundação de Cultura; Empresa Municipal de Informática (Emprel) e Desenvolvimento Social e Direitos Humanos; todas coordenadas pela Secretaria de Desenvolvimento e Empreendedorismo. Um dos pontos altos da CPR Recife neste domingo foi a segunda etapa do Hacker Cidadão, que recebeu cinco equipes finalistas em seu quarto ano de realização. As vencedoras foram as equipes Bike Data, iChoveu e Seco, que terminaram em primeiro, segundo e terceiro lugar, respectivamente.
Organizado pela Empresa Municipal de Informática (Emprel), a competição trouxe como objeto a Internet das Coisas (IOT). Foram disponibilizados 14 sensores de ultrassom, temperatura, luminosidade, umidade, qualidade do ar, pressão, aceleração entre outros, para que as equipes desenvolvessemsoftwares embarcados - integrando aplicativos a materiais físicos dos sensores. Os participantes também tiveram acesso ao conteúdo do Portal de Dados Abertos do Recife.
CAMPEONATO
Nove startups participaram da rodada de negócios com empresários e investidores na final do campeonato de startups e makers organizado pela instituição Células Empreendedoras, ligada à Universidade de Pernambuco (UPE), na manhã deste domingo, no palco de Empreendedorismo, na área Open da Campus. Os empreendedores tiveram cinco minutos para apresentar seus negócios para jurados compostos por empresários, investidores, ativistas, empresas de crédito e para a Secretaria de Desenvolvimento e Empreendedorismo da Prefeitura do Recife. Foram três categorias de empresas: iniciante, consolidada e projeto universitário. Após a apresentação, os desenvolvedores de ideias puderam escutar dos jurados elogios, críticas e sugestões de melhorias para os seus projetos.
No processo de seleção, 60 empresas se inscreveram no site da Campus, 20 foram selecionadas, dentre elas oito na categoria de consolidada, seis projetos educacionais e seis iniciantes. Três de cada categoria foram selecionadas para a rodada de negócios. Na categoria inicial, concorreram a HiPro SmileDay e Residuos. Na universitária, a Focus Games, Acessibilidade Sustentável e Tá Pequeno. Já na consolidada, a Pague para Ver, Energize e Salvus. Os ganhadores foram: Focus Games, na área de educação; SmileDay na inicial e Salvus na consolidada. Os vencedores participarão de cursos na área e terão mentoria da Célula Empreendedoras.
Na noite do sábado (20/08), a Secretaria de Desenvolvimento e Empreendedorismo promoveu a palestra O futuro será estranho, com o consultor de tendências de Porto Digital, Jacques Bercia, no palco de Ciência e Inovação, na Arena. O palestrante convidou os campuseiros a pensarem o quanto os avanços tecnológicos podem modificar a relação de consumo e alargar a realidade atual. Os campuseiros foram convidados a pensar sobre reprogramação de objetos, a perceber como as coisas físicas estão se transformando em coisas digitais e a conhecer novas tecnologias como a impressão 3D de casas populares, no Rio de Janeiro.