PROTESTO

Ministro do Trabalho é surpreendido com centenas de currículos em protesto no Cabo

Ministro do Trabalho vai a ato sobre retomada de obras da Refinaria Abreu e Lima e recebe centenas de currículos

Luiza Freitas
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Luiza Freitas
Publicado em 25/08/2016 às 7:02
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Ministro do Trabalho vai a ato sobre retomada de obras da Refinaria Abreu e Lima e recebe centenas de currículos - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Desempregado há dois anos, o maçariqueiro Antônio Carlos da Silva, 48 anos, foi um dos cerca de mil trabalhadores a comparecer à mobilização realizada ontem no Centro do Cabo de Santo Agostinho. O ato pedia a retomada das obras na Refinaria Abreu e Lima (Rnest). Em meio a um tumulto, o operário deixou seu currículo diretamente nas mãos do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira (PTB-RS), convidado para o ato, que deixou o local com uma pilha de papéis. A cena surpreendeu o membro do governo interino, mas ilustra bem o quadro do desemprego em Pernambuco, que já soma 569 mil pessoas desocupadas, segundo o IBGE. No Brasil, são mais de 11 milhões.

Apenas o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral de Pernambuco (Sintepav-PE) mantém um cadastro de 16 mil desempregados que atuaram na Rnest. Um deles é Antônio Carlos, que há dois anos se mantém apenas com bicos. “Na refinaria ganhava uns R$ 1.900 por mês. Agora, dependendo do serviço, tiro R$ 700”, lamenta ele, pai de quatro filhos.

Antônio e os companheiros compareceram ao ato desta quarta-feira (24) com a esperança de que a presença do ministro pudesse trazer novidades sobre a retomada das obras, o que não aconteceu. As obras estão paradas por causa do escândalo do petrolão.

“Não tenho como dar uma resposta nesta direção [RETOMADA DAS OBRAS]. O fato de eu estar no ato é uma sinalização de que estou lado a lado dos trabalhadores para superar o desafio que é o desemprego”, disse Nogueira, pastor da Assembleia de Deus e indicado ao cargo pelo ex-deputado Roberto Jefferson (um dos protagonistas do escândalo do mensalão). Nogueira veio ao Estado a convite da União Geral dos Trabalhadores (UGT), terceira central de trabalhadores do País hoje e ligada, politicamente, ao PSD e PPS. Ele colocou inclusive o boné da central.

Do Cabo, além de currículos, o ministro levou a pauta de reivindicações da categoria, que pede principalmente informações claras a respeito da retomada das obras (incluindo detalhes do processo licitatório e datas de início e término dos serviços) e mediação da situação de empresas que não pagaram verbas rescisórias de funcionários demitidos. 

DIREITOS

Após o encerramento do ato, o ministro participou de um almoço com os líderes dos movimentos sindicais presentes na mobilização. Nogueira também aproveitou para comentar a reforma trabalhista, um dos assuntos da agenda do governo do presidente interino Michel Temer. “Quem escutar isso (a retirada de direitos trabalhistas pela sua gestão) pode dizer, com honra, que é mentira. Direito você não revoga, direito você aprimora”, afirmou. A reação dos manifestantes, no entanto, não era de entusiasmo para qualquer assunto além da retomada de suas funções na Rnest.

Se for retomada, a obra pode gerar cerca de 8 mil empregos diretos e indiretos. O último acordo firmado entre a Petrobras e a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) prevê que a conclusão de duas obras para março e outubro do próximo ano. Até agora nada foi retomado.

“Não é culpa do trabalhador se houve roubo ou corrupção. Só precisamos dos nossos empregos de volta”, diz Aldo Amaral, presidente do Sintepav-PE. À tarde, ele e uma comitiva se reuniram com o governador Paulo Câmara, que declarou apoio às questões.

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