A produção de energia eólica avança no Brasil, cravando crescimento de 55% no primeiro semestre deste ano. Divulgados ontem, os dados são da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). No ranking dos dez maiores produtores do Brasil, o Nordeste tem sete Estados representados. O Rio Grande do Norte mantém a liderança e Pernambuco aparece em sexto lugar (veja arte). De hoje até a quinta-feira, o tema será discutido por players do setor no maior evento da América Latina, o “Brasil Windpower 2016 - Conferência & Exposição”, realizado no Rio de Janeiro. Representantes do governo de Pernambuco participam, interessados em mapear as oportunidades de investimentos para o Estado.
Os dados levantados pela CCEE mostram que nos primeiros seis meses do ano o desempenho das usinas em operação no Sistema Interligado Nacional (SIN) geraram 2.860 MW médios, enquanto em igual período de 2015 foram 1.842 MW médios.
Ao final do primeiro semestre, os 366 empreendimentos eólicos em operação no Sistema alcançaram 9.330 MW em capacidade instalada, ou seja, incremento de 50% frente aos números de junho do ano passado (6.211 MW), quando havia 244 projetos em funcionamento no País.
Os números do primeiro semestre consolidam a liderança do Rio Grande do Norte, que se mantém como principal produtor de energia eólica no Brasil. As usinas potiguares produziram 911 MW médios no período, representando um aumento de 40% em relação aos seis primeiros meses de 2015.
A análise aponta o estado da Bahia na segunda colocação com 599 MW médios (47,5%), seguido pelo Rio Grande do Sul, que alcançou 479 MW médios (66,6%), e o Ceará com 456 MW médios (25,7%) produzidos no primeiro semestre.
Pernambuco está em sexto lugar no ranking, com a produção de 107 MW médios. O Estado tem atualmente 28 empreendimentos de geração eólica em funcionamento, num total de geração de 595,3 MW.
No final do primeiro semestre, o governador Paulo Câmara acionou o início da operação de um dos maiores projetos do setor no Brasil: o Complexo Ventos de São Clemente, um investimento de R$ 1,2 bilhão da empresa Casa dos Ventos, empreendimento formado por oito parques eólicos e 126 aerogeradores, em Caetés, Venturosa, Pedra e Capoeiras. O complexo é capaz de abastecer 550 mil casas, o correspondente a 8% de todo o consumo pernambucano.
Interessado na atividade, o Estado participa do Brasil Windpower 2016, representado pelo secretário executivo de Energia, Pedro Cavalcanti. Na quinta-feira, o gestor fará palestra onde apresentará, durante workshop, os diferenciais pernambucanos para receber investimentos nesta área.
O Governo de Pernambuco também estará presente em rodadas de negócios. “A matriz eólica já representa quase 15% da geração pernambucana, o que mostra a atenção do governo com as energias renováveis. Temos empreendimentos em construção e um potencial bruto de 1.000 GW no setor, além de um polo industrial voltado à produção de equipamentos instalado em Suape”, destaca o secretário.
Nos últimos anos, as energia alternativas (sobretudo a eólica) vêm ganhando espaço na matriz energética brasileira. Pelos dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) iniciou o mês de agosto com uma capacidade eólica instalada de 9,96 GW. A participação da eólica na matriz brasileira é hoje de 6,8%. A hidrelétrica continua sendo a principal fonte, com 61%, mas vem perdendo importância ao longo dos anos.
A produção de eólica vem crescendo mesmo com a redução da demanda por energia provocada pela crise econômica. A preocupação dos players do setor é com a continuidade dos investimentos que também movimenta a cadeia de equipamentos. O governo Federal vem adiando os leilões por falta de demanda. A redução do consumo, sobretudo na indústria, vem contribuindo para reduzir a geração no País, que atualmente está em 59.638 MW médios.
Além de ser uma energia limpa e de movimentar uma extensa cadeia produtiva, a geração eólica tem mudado o cenário do Semiárido Nordestino. Instaladas em regiões prejudicadas pela seca, a atividade está trazendo alternativa de renda para muitos produtores rurais. Em Pernambuco, produtores de sequeiro conseguem viver da nova renda, sem ser tão afetados pela estiagem, que se estende há 5 anos na região. Em algumas regiões do Rio Grande do Norte, a escassez na produção de caju foi salva pela renda da eólica.