VIDROS PLANOS

Empresários do polo vidreiro, em Goiana, investem de olho na retomada da economia

Este ano, empresários esperam voltar a crescer. Crise atrasou implantação de empresas no polo vidreiro

Bianca Bion
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Bianca Bion
Publicado em 25/03/2018 às 5:06
Foto: Felipe Feca/Divulgação
Este ano, empresários esperam voltar a crescer. Crise atrasou implantação de empresas no polo vidreiro - FOTO: Foto: Felipe Feca/Divulgação
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O forno da Vivix é o coração do polo vidreiro de Goiana, no Grande Recife. Lá, a mistura da composição de matérias primas do vidro, como a sílica (extraída da areia), calcário e barrilha, é fundida a uma temperatura de 1,6 mil graus celsius. Em um processo minucioso, tem capacidade de processar 900 toneladas por dia. Esta é apenas a primeira etapa da cadeia de vidro plano, que depois é beneficiado e usado em áreas como a construção civil e indústria moveleira.

Em operação desde 2014, a Vivix viu a crise adiar a implantação de outras empresas no polo vidreiro de Goiana. Pelo menos duas desistiram do negócio. Para este ano, o tom é de otimismo em relação à aceleração das obras de quatro empresas no polo vidreiro, que reúne investimentos na ordem de R$ 1,13 bilhão e vai gerar 819 empregos quando estiver em pleno funcionamento, segundo a AD Diper.

Somente a Vivix investiu mais de R$ 1 bilhão para a construção da fábrica, que é a única no Norte e Nordeste do Brasil. O presidente da empresa, Paulo Drummond, estima crescimento de até 10% este ano, depois de um 2017 estável. “Vamos investir aproximadamente R$ 20 milhões que vão contemplar instrumentos adicionais para aumentar a capacidade produtiva em até 7%. Queremos nos preparar para a retomada, que já se percebe em 2018”, afirma Drummond. A Vivix trabalha com 200 clientes por mês. Cerca de 5% da produção é destinada aos Estados Unidos, Argentina, Colômbia, Paraguai, Portugal e Angola. Em dois anos, espera destinar até 10% da produção para exportação. 

A empresa fornece material para as indústrias processadoras que vão beneficiar o vidro, já que tudo na indústria do vidro tem que ser feito sob medida. As chapas vão ser adaptadas para compor móveis, fachadas de edifícios, portas de varandas, entre outras finalidades. É na categoria de processadoras que se encaixam as outras quatro empresas que estão se instalando no polo. Em 2015, antes mesmo de chegar, pelo menos três já previam expansão das fábricas com a chegada em Goiana, mas seguraram os investimentos devido à crise na construção civil, um dos principais clientes. Atualmente, o ritmo de queda está desacelerando. Em 2017, a produção da construção civil em Pernambuco caiu 6,5%.

Além da Vivix, a única empresa instalada na região é a Pórtico Esquadrias, especializada em fachadas de vidro, instalação de esquadrias e revestimento de alumínio. A crise atrasou a implantação em um ano e meio, mas a Pórtico conseguiu se instalar no fim do ano passado. Mal chegou e já está tocando uma expansão que será concluída até o fim deste ano. No total, o investimento previsto é de R$ 6 milhões.

“Nós temos três fábricas em Gravatá, Recife e Igarassu, fora Goiana. Ao longo de 2018 e 2019, vamos migrar para o polo vidreiro. O projeto prevê área construída de 11 mil metros quadrados. Vamos facilitar a logística”, afirma o diretor comercial da Pórtico, Gustavo Jardim. Também haverá investimentos de R$ 1,2 milhão em capacitação e R$ 4,3 milhões em máquinas.

Os empreendimentos agora estão com pressa para concluir a instalação para não perder oportunidades. A Intervidro promete acelerar as obras. O objetivo é iniciar a operação até o início do próximo ano com investimento de R$ 6 milhões. A ideia é realizar expansões a cada dois anos, até atingir o tamanho total de dez mil metros quadrados de área construída.

“Já notamos um aumento de 25% nas vendas no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Em Goiana, vamos ampliar o leque de produtos”, diz o presidente da Intervidro, Bruno Maçães.

A Sanvidro possui dois galpões em pé, mas ainda faltam ajustes a serem feitos. Hoje, a empresa trabalha com beneficiamento de vidro e produção de peças em inox. No futuro, planeja ampliar a fábrica em Goiana para apostar na linha de alumínio. O investimento total é de cerca de R$ 12 milhões. A expectativa é se mudar para a unidade, no máximo, até o fim do próximo ano. “Tem que ficar mais otimista este ano”, diz um dos donos da Sanvidro, Matheus dos Santos. 

MINIARCO

Um ponto que prejudica a competitividade das empresas do polo vidreiro e outros empreendimentos em Goiana, como os polos automotivo e farmacoquímico, é a infraestrutura. O Arco Metropolitano, uma obra importante para desafogar o trânsito na BR-101, ficou no papel. Agora, as apostas se concentram no miniarco, que conecta Paulista a Igarassu, também no Grande Recife. Das quatro empresas que estavam fazendo estudos de viabilidade no ano passado, apenas uma continua com a avaliação.

De acordo com a Secretaria de Transportes do Estado (Setra), o consórcio formado pelas empresas Assist Consultores Associados Ltda, Comol - Construções e Conulotoria Moreira Lima Ltda, Albino Sociedade de Advogados e BF Capital Assessoria em Operações Financeiras Ltda  pediu para estender o prazo de entrega do estudo para o fim de abril. Após esta fase, o governo tem mais 60 dias para dar aval à proposta feita pelo consórcio e entre 90 e 120 dias para concluir a licitação, o que compreende pelo menos mais seis meses para iniciar as obras, se um parceiro privado aparecer.

A proposta do governo prevê uma estrada de 14,4 quilômetros de extensão pelo valor de R$ 160 milhões. O prazo previsto de duração da obra é de 24 meses. Porém, tudo pode mudar de acordo com a análise feita pelo consórcio.

“O que nós avançamos na sugestão do traçado é a concessão de espaço em loteamentos por onde o miniarco deve passar. Também conseguimos termos de referência para licenciamento ambiental e a parque arqueológica. Nós achamos que é um traçado viável, mas pode ser que a empresa faça outra avaliação”, afirma o gerente geral de Projetos da Setra, Luiz Alberto de Araújo. Outro complemento do miniarco é a requalificação da BR-101, orçada em R$ 200 milhões e com previsão de ser concluída no fim deste ano.

De acordo com o presidente da Vivix, Paulo Drummond, o miniarco é uma alternativa. “O miniarco vai ser feito em um tempo mais curto e pode nos ajudar a vencer ou minimizar a dificuldade logística daqui para o Sul”, afirma.

VITÓRIA

Em relação à infraestrutura, uma vitória do polo vidreiro é o acesso viário, que tem cerca de um quilômetro de extensão. De acordo com a AD Diper, a previsão é que a obra seja finalizada em maio deste ano.

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