O projeto de revitalização e reocupação do conjunto de prédios do antigo Moinho Recife, no bairro de mesmo nome, foi apresentado ontem (25), pela diretoria da empresa Revitalis, formada pelo Grupo Moura e membros das famílias Tavares de Melo e Petribu. As instalações, colocadas à venda pela Bunge, em 2016, foram arrematadas em leilão pelos empreendedores. Agora, vão se transformar em um complexo multiuso. Estão previstas a construção de 124 salas comerciais, um hotel com 84 unidades e um residencial de 112 apartamentos, além de prédio garagem com 675 vagas e espaços de convivência.
A área total do empreendimento será de 52 mil m² e vai seguir o conceito “retrofit”, de modernização de áreas antigas preservando parte de suas características originais. A construção do complexo está orçada em R$ 80 milhões e deve ser iniciada em 2019, com previsão de conclusão em quatro anos. Durante o período de construção deverão ser gerados de 800 a mil empregos diretos. Este número sobe para 2.400 ocupações, quando todo o complexo estiver em funcionamento, segundo projeção dos idealizadores.
Renata Moura, integrante do comitê executivo da Revitalis, disse que desde a concepção inicial do projeto até a aprovação, este mês, pelo conselho de desenvolvimento urbano da Prefeitura do Recife, foram quase dois anos de trabalho. “É um projeto amadurecido, que contribui para revigorar o bairro e nasce em completa sinergia com a cidade, valorizando aspectos históricos e oferecendo oportunidades de novos negócios”, falou com entusiasmo.
MOINHO
O arquiteto Bruno Ferraz, que junto com Roberto Montezuma, assina a concepção do projeto, explicou que a ideia é fazer com que a nova estrutura dialogue com a parte Norte da Ilha do Recife, e que a Rua de São Jorge, localizada entre as duas quadras que compõem o complexo, se transforme numa área de convivência, com prioridade para os pedestres. O mesmo tratamento humanizado será dado ao primeiro bloco, voltado para o mar. “O térreo funcionará como uma grande praça, ligada a um pátio interno, além da criação de uma galeria coberta na Alfredo Lisboa com a ampliação do calçamento.”, observa Ferraz. Estão previstas ainda lojas com mix para restaurante, bar, café, comércio, serviços e bicicletário com vestiários. Na cobertura do empreendimento, haverá um terraço e áreas para instalação de bares e restaurantes.
O projeto passou pelo crivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) que, entre outras observações, limitou a altura das edificações em até 12 pavimentos, justamente, as dimensões atuais dos silos, que serão aproveitados. Como o propósito é o de preservar a memória da planta industrial, as fachadas serão renovadas e os ambientes internos trarão referências ao antigo Moinho Recife. “Os silos vão se transformar em unidades residenciais. Ambientes da produção vão virar salas empresariais e espaços para entretenimento. As máquinas de moer trigo serão utilizadas como luminária. Todo o processo de construção visa minimizar o desperdício de materiais e produtos”, afirma o arquiteto.
Marisa Hardman Paranhos, executiva da Revitalis, disse que já foram iniciadas conversas com possíveis operadores das unidades residenciais e do hotel. Ao mostrar a bela vista que se tem da entrada do Porto do Recife, a partir da futura cobertura do empreendimento, ela ressaltou a necessidade de incorporar novamente o Moinho Recife ao convívio da cidade. “Aqui estamos próximos de outros locais de referência da Ilha, como o Marco Zero, Forte do Brum, Museu Cais do Sertão, a comunidade do Pilar, ao CESAR e ao Porto Digital. Vamos reviver a antiga estrutura industrial, do ponto de vista arquitetônico e urbano, mas de forma sustentável, econômica e social”, resumiu Marisa.