Foi uma sessão polêmica, como se esperava. Numa reunião que começou e terminou pontualmente (das 15h às 17h30), a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) realizou na quarta-feira (5), no Complexo de Suape, duas audiências públicas presenciais para discutir a implantação de um segundo terminal de contêineres e o arrendamento de um pátio de veículos no porto. Os dois empreendimentos somam aporte de R$ 1,2 bilhão e são considerados parte da estratégia do Estado para transformar Suape num hub port de relevância regional e nacional.
Durante a audiência, a instalação do Tecon 2 ocupou a maior parte das discussões. Inscrito para dar contribuições, o advogado do Tecon Suape, João Humberto Martorelli, apresentou projeções sobre o crescimento da demanda nos próximos anos para sugerir a suspensão do processo de licitação de um futuro concorrente. “A Antaq prevê uma movimentação de 493 mil TEUs até 2020 e um crescimento linear de 3% no volume linear até 2044. Dessa forma, a movimentação poderá ser plenamente atendida pelo Tecon Suape. Por isso, consideramos inadequada e inoportuna a implantação de um segundo terminal, que demonstra uma motivação política sem levar em consideração a questão técnica”, disse, destacando que o complexo ainda não havia se tornado um porto concentrador de cargas (hub port) como sua diretoria deseja.
O diretor-geral da Antaq, Mário Povia, retrucou a declaração do advogado defendendo a importância de Suape no cenário portuário nacional. “Suape não pode ser menosprezado. Estamos falando de um complexo portuário de magnitude não só para Pernambuco, mas para o Nordeste, o Brasil e o mundo. Tem uma posição geográfica privilegiada e é uma visão míope enxergar Suape dessa forma. E se não se transformou num hub ainda é exatamente porque não ofereceu essa infraestrutura”, defendeu.
INFRAESTRUTURA
Povia também lembrou que o desenvolvimento da infraestrutura do País não deve esperar uma fila de navios se formar no Tecon Suape para se decidir pela implantação de um segundo terminal. “O Tecon 2 vai demorar de 3 a 4 anos para começar a operar e é preciso começar a planejar agora”, reforça, destacando que 22 editais estão sendo lançados no setor portuário. A defesa do Tecon Suape argumentou, ainda, que está investindo US$ 88 milhões na ampliação do terminal e que terá capacidade para movimentar 1 milhão de TEUs até 2044.
No rol de questionamentos, o consultor da área portuária Jonny Kaniak, fez uma provocação, perguntando se algum investidor teria interesse de colocar R$ 1 bilhão num projeto diante do ambiente de negócios do País. Nas licitações realizadas pelo governo Federal na área portuária, algumas não tiveram interessados.
O presidente de Suape, Carlos Vilar, acredita que esse não será o caso de Suape. “O Tecon 2 já vem sendo discutido desde 2010 e numa chamada que fizemos apareceram 12 empresas interessadas. Já sabíamos que a audiência teria esses questionamentos do Tecon, mas a concorrência será boa para o porto”, diz. As contribuições para as duas licitações serão recebidas até o próximo dia 14 pelo site www.antaq.gov.br e os leilões deverão ser realizados no primeiro trimestre de 2019. Vence quem oferecer o maior valor de outorga.