Na medida em que os universitários avançam nos estudos, há a necessidade de atrelar a pratica à teoria. Nos cursos da área de saúde, por exemplo, a vivência em consultório e o contato com os pacientes fazem com que o aprendizado seja mais eficaz e a realidade coloque as coisas em perspectiva. Nesse contexto, o papel das clínicas-escola se destaca na formação do profissional, seja qual for a área em que o estudante esteja inserido.
O centro do Recife conta com uma série de clínicas-escola consolidadas, com tradição de atender a comunidade há décadas, como é o caso da clínica-escola de Psicologia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Localizada no bloco C da instituição, ela funciona desde 1962, nascida lado a lado com o curso mais antigo de psicologia do Nordeste.
“A clínica foi fundada pra oferecer campo de estágio aos alunos. Ela já tem experiência de muitos anos contribuindo pra formação de profissionais. É a hora em que há essa possibilidade de os alunos fazerem essa articulação entre teoria e prática”, afirma a psicóloga e coordenadora do espaço, Carla Albuquerque. “É uma prestação de serviço à comunidade com um valor muito acessível, então tem uma função social”, continua.
Todos os atendimentos são realizados por alunos, acompanhados por um profissional psicólogo já formado e habilitado. O trabalho é voltado tanto para crianças como adultos e idosos, sob diversas linhas de atuação, inclusive com apoio da psiquiatria, se necessário. A média mensal de atendimentos psicoterápicos foi de 92 em 2018.
Além da psicologia, a Unicap tem uma forte clínica-escola de Fisioterapia e Terapia Ocupacional que, além de formar alunos com experiência prática, presta um serviço importante para o bairro de Santo Amaro e todo o Grande Recife. A clínica funciona na Rua Manoel Pereira, bem próximo à universidade. Em atividade desde 2006, a unidade realiza cerca de 2800 atendimentos por mês nas diversas áreas da fisioterapia, como neurologia, dermatofuncional, ginecologia e obstetrícia, urologia, traumato-ortopedia, entre outros. Também são atendidas crianças com microcefalia.
“Eu não acreditaria no fisioterapeuta que não tivesse passado por uma vivencia prática”, defende Valéria, destacando a importância da clínica. “A gente trabalha com função, uma coisa de extrema responsabilidade, porque a gente faz com que o paciente volte às suas atividades da vida diária. A prática é fundamental”, diz.
A Unicap ainda abriga a clínica-escola do curso de fonoaudiologia, que há 35 anos atende tanto pacientes com demanda para tratamento de voz, linguagem, fala e problemas neurológicos, (como a gagueira, por exemplo) quanto pessoas que precisem de tratamentos relacionados à audição, como surdez. A fonoaudióloga e coordenadora Conceição Silveira destaca que muitos profissionais de saúde da cidade encaminham exames e consultas para a universidade, por já ser referência na área.
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“Temos sempre depoimentos muito positivos e satisfatórios, tanto por parte dos alunos como por parte da comunidade em geral. É importante justamente para atrelar a teoria com a prática, para a academia, para a vivência do curso, para que os alunos tenham a prática dentro da universidade. Eles são engajados”, pontua. Em média, a clínica de fonoaudiologia faz 90 atendimentos mensais, tanto nos estágios supervisionados quanto nos projetos de extensão.
Em todos os atendimentos, a universidade cobra um valor simbólico que pode ser negociado nos casos em que o paciente tem baixa renda comprovada.