A maioria dos donos de pequenos negócios que atuam no ramo de confeitaria e doçaria está otimista com a chegada da Páscoa, aponta pesquisa realizada pelo Sebrae. O estudo revelou que 67% dos empresários acreditam que as vendas serão melhores do que em 2018. A data é a segunda mais lucrativa do setor, perdendo apenas para o Natal. Quase a totalidade dos empresários (87%) trabalha na própria residência. Em relação ao processo de venda, 94% dos negócios atuam por encomenda, sendo que 51% realiza delivery por conta própria e o principal produto comercializado continua sendo os bolos confeitados (50%), seguido pelos doces (23%). Mas 43% não fazem entregas a domicílio.
Não são poucos os que aproveitam a experiência com doces para lucrar durante a Páscoa produzindo ovos e outros produtos alimentícios de chocolate. A cozinheira Juliana Santos,45, atuou em restaurantes até 2013, quando decidiu deixar o emprego formal e trabalhar por conta própria. Ela investiu nos bolos para assegurar a renda familiar. Trabalha em casa e faz tudo sozinha. Há cerca de cinco anos, passou a fazer ovos de Páscoa caseiros. Segundo ela, a procura foi muito boa até mais ou menos 2017. “No ano passado percebi que a concorrência aumentou muito e que eu tinha de fazer algo diferente se quisesse continuar vendendo”.
Para este ano, Juliana criou cones de chocolate em formato de cenoura, que comercializa por R$4 cada. Outra criação são os ovos de 200 gramas com recheio de bolo de cenoura, que ela vende por R$ 18. Resultado, a procura está muito boa. “Ano passado atendi cerca de 80 pedidos e lucrei uns R$3 mil. Esse ano, não estava botando muita fé, mas os pedidos começaram a aumentar e agora estou correndo para dar conta”, diz Juliana que já vendeu cerca de 40 cenouras de chocolate em um só pedido”.
Segundo a pesquisa, em 2018 o desempenho financeiro das confeitarias e docerias também cresceu ou ficou estabilizado para 74% dos pequenos empreendedores entrevistados. Somente 12% afirmaram ter apresentado prejuízo no ano passado. Dos 4.622 empresários ouvidos, 53% afirmaram não possuir outras fontes de renda, enquanto 28% estão empregados formal ou informalmente.
VENDA
A estudante Luana Rocha, de 18 anos, começou a vender brownies, trufas e brigadeiros ainda no colégio. Ano passado fez, pela primeira vez, ovos de Páscoa e já garantiu 50 pedidos na estreia. “Foi muito bom. Rendeu cerca de R$ 2 mil. E eu vendia apenas um tipo de ovo”,ela relembra. Para este ano, ela vende dois tipos de ovos abertos, o chamado “ovo de colher”, com recheios variados. Os preços são de R$ 30 (para os ovos de 250 gramas) e R$ 45 (350 gramas). Com a ampliação da divulgação nas redes sociais ela diz que a procura aumentou. Até ontem (16), já havia fechado 90 pedidos. A doceira tem a ajuda da mãe na cozinha e usa o dinheiro que consegue com os doces para suas despesas pessoais. Estudante do primeiro ano de Administração de Empresas, ela não descarta formalizar a atividade no futuro. “Gosto de fazer doces e quem sabe? posso usar o que aprendi na faculdade para montar uma empresa”.
Para Ana Claudia Arruda, analista de negócios do Sebrae-PE, a atual tendência de aumento no consumo da produção caseira tem a ver com o custo menor do produto mas não apenas isso. “Antigamente o ovo de Páscoa caseiro era quase sinônimo de baixa qualidade. Hoje não é mais. Já se encontram produtos feitos com chocolate de qualidade, ovos gourmet em embalagens caprichadas”, diz a analista. Para Ana Arruda a divulgação feita através das redes sociais é outro ponto a favor da produção artesanal. “Mais de 90% dos empreendedores utilizam a propaganda via redes sociais. Existe ainda a facilidade da entrega em domicílio, o que também é um diferencial em relação ao varejo tradicional”.