Integrantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco vão integrar uma missão de negócios na China no final do próximo mês de junho. A viagem é um convite do Consulado-Geral da República Popular da China no Recife. Os porta-vozes do governo do Estado participarão de um seminário sobre a Promoção Comercial para o Brasil, que será ministrado na Escola de Comércio de Shanghai.
A presença da comitiva é mais uma tentativa do Estado de se aproximar do maior parceiro comercial do Brasil e as investidas não vêm de hoje. Em 2017 uma equipe do governo Paulo Câmara estava programada para fazer uma visita ao país asiático, mas chuvas fortes causaram enchentes em Pernambuco e a viagem foi suspensa. Desde então o governo estadual vem tentando atrair os investidores chineses.
No final de 2018 foi realizado, em São Paulo, o seminário Projetos de Infraestrutura no Estado de Pernambuco. O encontro foi organizado pelo governo do Estado e reuniu órgãos como a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), a Compesa e o Porto de Suape. Já no mês passado o governo do Estado e o Consulado da China no Recife promoveram o seminário de Mudanças do Clima e Energias Renováveis. Na ocasião foi anunciado o investimento 3,5 bilhões para a construção, no Sertão do Estado, do maior complexo solar fotovoltaico do País. O aporte será feito pela empresa espanhola Solatio Energia e todas as placas solares serão importadas da China.
“Pernambuco está num movimento muito adequado e feliz do Governo com o investidor chinês. Não só apresenta projetos, como também é um dos poucos que realiza eventos para o empresariado chinês e faz visitas ao país. Os chineses estão muito felizes com essa dedicação”, celebrou o CEO da Lide China, José Ricardo dos Santos Luz Junior. Neste momento, inclusive, o secretário de Defesa Social do Estado, Antônio de Pádua, está no país asiático para conhecer tecnologias voltadas à área de segurança.
O CEO da Lide China explica que os investimentos chineses têm acontecido em ciclos. Até 2010 o setor agrícola e de minérios de ferro eram o alvo. Em 2011 foi a fase de convencer o consumidor brasileiro sobre a qualidade dos produtos produzidos na China. Depois, em 2013, o foco estava em oferecer serviços financeiros. Já desde 2014 a China vem investindo nos setores de infraestrutura e geração de energia. “Os chineses estão muito interessados em Pernambuco pelo seu potencial de energia renovável, com usina eólicas e a produção de energia solar. Mas as questões que envolvem tratamento de água e ações de infraestrutura também têm sido atrativos”, explicou José Ricardo.
Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado disse que “o interesse de investidores estrangeiros em energias renováveis, em Pernambuco, não é em vão. Em 2013, o Governo do Estado promoveu o primeiro leilão de energia solar do País. O ato foi considerado um marco histórico pelo setor.” A nota também é categórica em afirmar que “a China é um parceiro comercial estratégico para o Estado.”
De acordo com a Lide China, o Pernambuco apresentou uma lista com possíveis investimento atrativos para os chineses. O próprio governo do Estado reconhece: “O interesse dos chineses não se resume à área energética. Oportunidades na área de infraestrutura também estão na mira”. As propostas estão concentradas nos formatos de Participação Público-Privada (PPP) e Concessões. As áreas prioritárias são aeroportuárias, rodoviárias, portuárias, de saneamento e até mesmo de iluminação pública. Entre as propostas estão: administração dos aeroportos de Caruaru e Serra Talhada, construção de diversos terminais no Porto de Suape, e a construção do Miniarco Metropolitano.
BALANÇA COMERCIAL
Além de tentar atrair os investidores chineses para o Estado, Pernambuco já mantém uma forte negociação de importações. Em 2018 o Estado importou US$ 357,5 milhões em produtos da China. Na caminho contrário, o país asiático comprou US$ 5,5 mi em “produtos pernambucanos”. Os principais produtos que os chineses enviam para o mercado pernambucano estão tecidos sintéticos, pneus de borracha, equipamentos médicos e componentes eletrônicos. Já Pernambuco consegue vender, principalmente, pedras para construção civil, sumos de frutas e crustáceos. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).