INDÚSTRIA

Aché investe R$ 660 milhões em fábrica de medicamentos em Suape

Unidade é o maior investimento industrial a aportar no Porto após a estagnação trazida pela crise econômica

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 03/10/2019 às 8:24
Foto: Léo Motta / JC Imagem
Unidade é o maior investimento industrial a aportar no Porto após a estagnação trazida pela crise econômica - FOTO: Foto: Léo Motta / JC Imagem
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Teve cordel recitado pelo cantor Nando Cordel e entrega de xilogravura de J. Borges no final do evento, como ‘mimo’ aos convidados, para marcar ontem a inauguração da primeira fábrica do Aché Laboratórios Farmacêuticos no Nordeste. Do lado da empresa, as referências à cultura pernambucana, o grande número de convidados e o evento de organização impecável davam a dimensão da importância da unidade na estratégia de expansão da companhia. Do lado do governo, o simbolismo era ainda maior.

A Aché é o maior investimento industrial (R$ 660 milhões) a aportar no Porto de Suape após a estagnação trazida pela crise econômica, o setor farmacêutico é novo dentro do complexo e traz com ele um forte conteúdo de tecnologia, inovação e sustentabilidade e capacidade de atrair outras empresas. Isso sem falar nos desdobramentos do projeto que está inaugurando apenas a primeira fase.

Nesse primeiro momento, a Aché investiu R$ 490 milhões para concluir a unidade de embalagens de produtos sólidos e o centro de distribuição. Por enquanto, a fábrica de Suape vai embalar e distribuir por ano 80 milhões dos chamados medicamentos sólidos (comprimidos e cápsulas) para os mercados da empresa no País. A presidente da companhia, Vania de Alcantara Machado, explica que a fase de produção propriamente dita só será iniciada no início de 2022. “No final de 2021 esperamos concluir a construção da segunda fase da fábrica, que já está acontecendo para começar a produzir no ano seguinte. Nossa expectativa é que a fábrica de Suape seja responsável pela produção de algo entre 60% e 56% do portfólio do portfólio de medicamentos sólidos da Aché no Brasil. No futuro também pensamos em trazer para cá a produção de injetáveis e dermocosméticos, por exemplo”, adianta, sem precisar prazo.

A primeira fase da fábrica da Aché será responsável por uma produção de 60 de um total de 320 marcas que fazem parte do portfólio da companhia, distribuídas em 734 apresentações de apresentações de medicamentos sob prescrição médica, genéricos e isentos de prescrição (MIPs), além de atuar no segmento de dermocosméticos, nutracêuticos, probióticos e biológicos. A localização em Suape vai facilitar a aquisição de insumos, que são importados principalmente da Índia, China e Europa, além de facilitar o comércio internacional com 26 países das Américas, África, Ásia e Europa.

Para essa etapa da fábrica de Suape foram abertas 160 postos de trabalho diretos e outros 150 indiretos. Quando estiver em plena operação, a partir de 2022, a previsão é gerar 3 mil empregos, sendo 500 diretos e o restante indiretos. O diretor industrial da Aché, Márcio Reis Freitas, explica que os principais cargos ofertados na área de gestão são farmacêuticos, químicos e engenheiros químicos e na área técnica mecânicos e eletromecânicos. No site da empresa www.ache.com.br na aba Recursos Humanos é possível consultar as Vagas Disponíveis e Trabalho Temporário, além de cadastrar currículo.

O governador Paulo Câmara comemorou a inauguração da fábrica dizendo que ela conecta Pernambuco com o futuro. “Essa fábrica não é importante apenas pelo tamanho do investimento, mas porque traz conexão com tecnologia, inovação, sustentabilidade, boa gestão, empregos qualificados”, enumerou. O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach, destacou que Suape não contava com indústria do setor farmacêutico e que a presença da Aché poderá estimular a chegada de outras. O governo e a empresa realizaram encontros com fornecedores em Pernambuco e em São Paulo a fim de fomentar a atração de outras empresas para a vizinhança da Aché.

MERCADO

Mesmo com a reação lenta da economia, o mercado famacêutico cresceu acima da inflação em 2018 e deve manter a tendência positiva este ano. De acordo com dados da auditoria do Mercado Farmacêutico IQVIA, em 2018 a Aché se posicionou entre as três maiores corporações do mercado de varejo e registrou avanço nas vendas acima da média do setor: 7,1% contra 6,6%. A diferença foi ainda maior no segmento de medicamento com prescrição, principal negócio da Aché: 2,8% contra 1,1%. A diferenciação no segmento, aliás, foi um dos motivos que motivou o laboratório a decidir instalar uma fábrica no Nordeste. A região é a que mais respeita a prescrição médica na compra de medicamento com receita no País e é o principal segmento de negócios da Aché, representando 75,6% do total no ano passado, segundo o relatório da companhia.

Com 53 anos de mercado, o Aché tem cinco fábricas no País: São Paulo (2), Paraná (1), Goiás (1) e Pernambuco (1) e emprega 4,9 mil colaboradores. Em 2018 lançou 17 produtos e espera fechar este ano com 30 novos no portfólio. A unidade de Suape já nasce dentro do conceito da indústria 4.0, com equipamentos de tecnologia embarcada 100% online e sistemas que conectam as informações no processo produtivo, veículos robotizados guiados automaticamente e a construção de um armazém vertical robotizado (tendência na logística 4.0). Que venha a segunda fase.

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