Discutir o futuro do jornalismo impresso, de forma integrada e regionalizada. Foi com este objetivo que o JC, juntamente com os jornais O Povo, do Ceará e Correio, da Bahia, realizaram o evento "Marcas Além do Papel - A experiência da Rede Nordeste", que aconteceu ontem, no auditório do SJCC, no bairro de Santo Amaro, área Central do Recife. O encontro integra as comemorações dos 100 anos do JC e reuniu estudantes, pesquisadores e profissionais de jornalismo, para trocar ideias sobre a forma como os três grupos de comunicação, que compõem a Rede Nordeste, estão se reinventando.
O evento contou com a participação de Laurindo Ferreira, diretor de redação do JC, de Erick Guimarães, diretor executivo do jornal O Povo, do Ceará, de Linda Bezerra, editora chefe do Correio, da Bahia, além de Juliano Domingues, articulista do JC e professor de pós-graduação da Unicap. Os convidados falaram sobre as experiências e dos desafios do jornalismo e, em seguida, responderam perguntas dos participantes. Quem deu o pontapé inicial à discussão foi Laurindo Ferreira, que contou um breve histórico das marcas do SJCC.
O diretor destacou o papel que vem sendo desempenhado pela união das três empresas na produção de conteúdo jornalístico. "A Rede Nordeste hoje chama atenção do mundo, inclusive, a gente já foi procurado pela Universidade do Texas para conversar sobre o projeto. O jornal impresso é nossa origem, de onde nós viemos e é a garantia do sucesso que temos hoje. A nossa audiência digital vem muito do que a gente construiu", comentou. Ele também falou dos desafios do jornalismo na atualidade. "A crise não é pernambucana, não é baiana, não é cearense, nem paulista. A crise é do negócio impresso. E ela nos desafia a estar aqui hoje. Repensando e tentando se reagrupar".
Erick Guimarães também falou sobre a história do jornal O Povo e sobre a importância de se fazer um jornalismo regional e local, ressaltando a experiência da Rede Nordeste. "Muito bacana a gente ver que é possível conversar com veículos vizinhos da gente. Você saber o que acontece no Nordeste pela lógica do Sudeste é uma loucura. Na Rede, compartilhamos matéria de forma simples, desburocratizada. Não só compartilhamos, mas produzimos conteúdo de forma conjunta", disse.
Linda Bezerra, do Correio, tratou sobre a relevância do jornalismo impresso para o digital e como se reinventar no dia a dia das redações. "A gente atravessa um deserto. É um leão por dia que a gente mata. Se a gente não prezar pelo conteúdo, como empresa de comunicação, a gente está falido. Contar história com credibilidade, bem apuradas. Sim, o digital pode nos impulsionar a fazer um impresso melhor", afirmou a editora chefe do Correio. O professor de pós-graduação da Unicap, Juliano Domingues, comentou sobre a articulação entre os veículos de comunicação e a academia, e como isto pode beneficiar os dois lados.
"O que vocês falam que são problemas das redações, também são as coisas que nós estudamos na academia. Temos muita figurinha para trocar sobre isto. É uma luz importante, um grupo se reunir para pensar de forma coletiva o jornalismo local. Do mesmo jeito que não podemos pensar na área de saúde sem investigação científica, não dá para pensar comunicação sem investigação científica", destacou. O "Marcas Além do Papel" contou com a participação de estudantes de jornalismo, leitores do JC, além de jovens aprendizes do Instituto JCPM.
Rede Nordeste
Desde maio de 2018, JC, O Povo e Correio estão em compartilhamento constante de conteúdo para oferecer um panorama ainda mais abrangente do Nordeste.
São compartilhadas notícias locais do dia a dia dos Estados, de cultura, economia, política e esportes produzidas pelas equipes nas redações do Recife, de Salvador e de Fortaleza. Juntos, os três veículos reúnem cerca de 90 mil assinantes, contam quase 80 milhões de acessos mensais em seus portais e mantêm milhões de seguidores nas redes sociais.
“É um projeto onde compartilham seus conteúdos três marcas importantes do jornalismo nordestino. É um projeto inovador e de força jornalística em tempos fake news. Para esse grupo, a melhor vacina contra notícia falsa é jornalismo de credibilidade”, pontuou o diretor de Redação do JC, na época em que o projeto foi lançado.