Vendedores de pescados do Mercado do Peixe, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, comemoraram a decisão do Ministério da Agricultura de suspender a portaria que proibia a partir desta sexta (1º) a pesca de camarão e lagosta na costa do Nordeste.
Apesar disso, o vendedor Josinaldo de Melo afirma que as vendas continuam baixas desde que manchas de óleo atingiram o litoral nordestino. "Para nós, a liberação dá um certo alívio, mas esperamos a chegada dos clientes para virem comprar, porque estão receosos depois que as manchas [de óleo] apareceram", falou.
Segundo Josinaldo, a decisão do ministério em proibir a pesca gerou um impacto negativo sobre o comércio de peixes. "As pessoas estão receosas por causa dessa decisão [do ministério]. Mas o óleo nem afetou os camarões, peixes e lagostas. Agora que eles voltaram atrás, esperamos que os clientes venham comprar, porque as vendas estão fracas", disse. "Estamos com uma boa expectativa para esse fim de mês", completou.
O pescador Rosielio Pereira também comemorou a suspensão da medida do ministério e disse esperar que os clientes voltem a comprar. "Ainda bem que isso [a decisão] aconteceu. Agora é esperar os consumidores voltarem a comprar", falou.
Recuo do Ministério da Agricultura
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) suspendeu nessa quarta-feira (30) a portaria que proibia a partir desta sexta (1º) a pesca de camarão e lagosta na costa do Nordeste. O documento antecipava também o período de defeso para essas atividades. A decisão foi anunciada pela ministra Tereza Cristina em entrevista à Rádio do Mapa, nessa quarta.
"O Ministério fez isso pelo princípio da precaução. Como nós não sabíamos como era essa mancha, enquanto isso estava sendo analisado, nós suspendemos a pesca em vários estados brasileiros onde esse petróleo chegou", disse Tereza Cristina. "A gente já tem dados mostrando que não é necessário. A lagosta está sendo examinada, o Ministério da Agricultura está fazendo uma série de testes, não há nada que justifique acabar com a pesca agora", completou.
Ainda de acordo com a ministra, o Governo Federal vai fazer o pagamento para os profissionais da pesca afetados pelo vazamento de óleo no litoral do Nordeste, o chamado salário-defeso. "[Os pescadores] receberão por esse período que ficaram sem poder fazer a pesca artesanal, a coleta de mariscos e caranguejos. O Governo Federal, como prometido, vai fazer o pagamento desses dias que não puderam trabalhar e levar para casa o sustento de famílias”, falou a ministra.
Catadores de caranguejos e marisqueiras
Ela explicou que o pagamento deverá beneficiar inclusive os profissionais que não recebiam o benefício na época do defeso, como os catadores de caranguejos e marisqueiras. “Eles também estarão nessa lista recebendo um salário porque eles estão prejudicados na sua atividade principal, no seu ganha-pão”. Os pescadores prejudicados terão direito a um salário mínimo.