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Pernambuco terá sua primeira usina para gerar energia do biogás de aterro sanitário

Usina, que ficará em Igarassu, será inaugurada ainda neste mês e terá investimento de R$ 20 milhões

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 19/11/2019 às 6:00
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Usina, que ficará em Igarassu, será inaugurada ainda neste mês e terá investimento de R$ 20 milhões - FOTO: Divulgação
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A ENC Energy Brasil – especializada na geração de energia a partir do biogás de aterros sanitários – inaugura ainda este mês sua primeira usina de biogás em Pernambuco, no município de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Com investimento de R$ 20 milhões, a unidade terá capacidade para gerar quatro megawatts de energia (quando estiver em plena operação), que serão comercializados no cobiçado mercado de geração distribuída (GD), há 7 anos comemorando crescimento exponencial no País. Além do negócio principal da energia, a companhia também está se habilitando na Organização das Nações Unidas (ONU) para vender os créditos de carbono provenientes da redução da emissão de gases do efeito estufa durante o processo.

A energia será gerada a partir do biogás emitido na decomposição do lixo orgânico do aterro Ecoparque, do Centro de Tratamento de Resíduos de Pernambuco (CTR-PE), que recebe 2 mil toneladas de lixo por dia de nove dos quinze municípios da RMR, a exemplo de Olinda, Abreu e Lima, Paulista e Goiana. A previsão da usina é produzir 5 mil m³ de biogás por hora para gerar uma energia limpa, que tem sobre as concorrentes solar e eólica a vantagem de não sofrer interrupções na geração.

“A implantação das usinas depende de condições como identificação de aterros privados, coleta de informações sobre a projeção da vida útil do aterro, cálculos da produção de biogás e geração de energia, projeto de engenharia e negociação com a concessionária local de energia”, detalha o gerente de Novos Negócios e Comercial da ENC Energy, Igor Urasaki. A energia gerada é injetada na rede da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) e revertida em um desconto de 20% na conta de luz dos clientes da ENC Energy. Esses clientes são consumidores de média e baixa tensão, principalmente pequenas e médias empresas do comércio, indústria e serviços.

“A usina será integrada por quatro motores, sendo que os dois primeiros começam a operar ainda este mês e terão capacidade para gerar 2 MW de energia. Os clientes já terão acesso a essa energia em dezembro. Temos hoje um total de 24 empresas, que se desmembram em 200 clientes porque são redes de lojas, postos de combustíveis, farmácias, restaurantes, concessionária de automóveis etc.”, explica Urasaki. Os outros dois motores entrarão em operação no primeiro trimestre de 2020.

A usina de Igarassu é parte do plano de expansão da ENC Energy, no Brasil, que está concluindo investimento de R$ 50 milhões em oito usinas de geração distribuída, com 9 megawatts (MW) de potência. Este ano a companhia já entregou uma usina em Rosário (MA), uma em Campos dos Goytacazes (RJ) e duas em Ipatinga (MG). Além dos projetos de GD, o grupo também conta com uma usina de 4,3 MW em Juiz de Fora (MG), mas essa tem energia destinada ao mercado livre. Para além desses 9 MW, a empresa tem cerca de outros 20 MW projetados para expansão. “Estamos prospectando outros aterros no Nordeste, mas Pernambuco não está nessas novas negociações”, adianta o executivo.

Efeito estufa

Em processo de habilitação na ONU, a ENC projeta que a usina em Igarassu deixará de emitir 120 mil toneladas de carbono equivalente por ano, sendo evitadas 30 mil tCO2e por motor. A diminuição se alinha à necessidade de Pernambuco de conter o avanço da emissão dos gases do efeito estufa no setor de resíduos urbanos. Inventário de Emissões de Pernambuco (2015-2018), divulgado este mês durante a Conferência Brasileira de Mudança do Clima no Recife, aponta que o lixo é o principal responsável pelas emissões do Estado (29,2% de participação), diferente do que acontece com o Brasil, onde o desmatamento está em primeiro lugar.

“Transformar o biogás em energia é importante porque o metano presente nos aterros sanitários é quase três vezes mais poluente que o CO2. Por isso, a política de resíduos não pode se esgotar a substituir os lixões por aterros. O indicado é queimar o biogás para reduzir a emissão dos gases e ainda gerar renda e emprego”, defende o coordenador técnico do Observatório do Clima, Tasso Azevedo.

O presidente da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), Alessandro Gardemann defende que o biogás tem um potencial gigante a ser explorado no Brasil. “Não representamos nem 1% na matriz energética ainda e a meta do Brasil é aumentar essa fatia para 10% em 2030”, compara.

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