Em novembro, 3.251 empregos formais foram criados em Pernambuco, segundo dados do Caged divulgados nessa quinta-feira (19). O número, no entanto, poderia ser maior se o setor de agropecuária não tivesse perdido 2.130 postos de trabalho neste mês. O "vilão" que puxou a queda foi o município de Petrolina, no Sertão do Estado, onde foram fechadas 1.856 – reunindo todos os setores da economia.
Quando destrinchados por setor, os dados mostram que foi na área da agricultura, silvicultura, criação de animais e extrativismo que houve o fechamento de 2.004 vagas. Vale ressaltar que Petrolina é uma das cidades que compõem o forte polo de fruticultura do Vale do São Francisco. As baixas nos postos de trabalho, porém, são comuns a esta época do ano.
Segundo o economista e gerente de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Agência Condepe/Fidem, Rodolfo Guimarães, todos os anos os produtores da região do Vale do São Francisco promovem um enxugamento no quadro de funcionários entre os meses de novembro e dezembro. O período é considerado uma espécie de entressafra por causa da redução do volume de exportações de frutas como uvas e mangas.
Para ele, o mercado já está habituado a essa movimentação das vagas e a sazonalidade no ramo da agricultura é natural. "Diferente de outros setores que podem ser afetados por diversos fatores, na agricultura quem manda é o clima. Todos os anos se sabe o tempo de plantar e colher, então os trabalhadores safristas já sabem quando deverão estar empregados", avalia.
Para Tássio Lustoza, gerente-executivo da Valexport, associação que reúne produtores e exportadores de hortigranjeiros e derivados do Vale do São Francisco, este ano, inclusive foi um dos anos com menor número de demissões em novembro. Ele ainda confirma que poucas pessoas ainda deverão ser desligadas em dezembro, mas o número não é significativo.
A informação se confirma quando comparados aos números de vagas fechadas em novembro dos últimos três anos. Em 2018 houve um pico de demissões chegando a 3.037 desligamentos. Em 2017 esse número ficou em 2. 826, enquanto em 2016 novembro registrou 2.061 demissões em Petrolina por causa da agropecuária.
É por causa dos trabalhadores safristas, que não têm acesso a seguro-desemprego, que existem programas de assistência como o Chapéu de Palha, do governo do Estado. Eles são beneficiados até o início da próxima safra
Rodolfo Guimarães, economista e gerente de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Agência Condepe/Fidem
"Ano passado tivemos problemas com a exportação e tivemos que fechar mais vagas. Este ano a janela de exportação foi mais longa e conseguimos demitir menos. Em agosto o movimento será de contratação", ponta Tássio Lustoza. "Ainda temos muita gente trabalham nas colheitas que atendem o mercado interno", reforça.
O gerente executivo da Valexport explica ainda que a produção de fruta no Brasil é mais cara do que nos países concorrentes. No entanto, é quando os demais fornecedores de frutas estão em entressafra que o Vale do São Francisco explora o potencial das exportações. "Não dá para concorrer, mas por sermos um país tropical conseguimos ter produção ano todo. Então temos a janela de oportunidade para aproveitar."
Cana-de-açúcar na contramão
Além da fruticultura, a cana-de-açúcar é outro grande gerador de empregos na agricultura em Pernambuco. O período de entressafra desta cultura dura de abril a setembro. Fora dele, o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE) estima que sejam empregadas entre 60 mil e 70 mil pessoas por safra.
"É por causa dos trabalhadores safristas, que não têm acesso a seguro-desemprego, que existem programas de assistência como o Chapéu de Palha, do governo do Estado. Eles são beneficiados até o início da próxima safra", ressalta Rodolfo Guimarães da Agência Condepe/Fidem.