Conjuntura

Trabalho temporário ajudou a diminuir o desemprego no País

Taxa de desocupação caiu de 11,6% para 11,2% no trimestre terminado em novembro

JC Online
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Publicado em 27/12/2019 às 18:45
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Taxa de desocupação caiu de 11,6% para 11,2% no trimestre terminado em novembro - FOTO: Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
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As vagas temporárias do comércio para as festas de fim de ano ajudaram a derrubar a taxa de desemprego no Brasil, que fechou em 11,2% no trimestre terminado em novembro. Os resultados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pnad Contínua. Apesar da queda na taxa, o País mantém um número de 13,9 milhões de desocupados e alcança recorde de informalidade, atingindo 38,8 milhões de pessoas.

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Os dados apresentados pelo IBGE apontam para a menor taxa de desemprego do Brasil, desde o trimestre terminado em março de 2016, quando ficou em 10,9%. Em maio e abril de 2016, a taxa foi de 11,2%. Pela série histórica do IBGE, a desocupação no País começou a girar na casa de dois dígitos a partir de 2016, logo após a recessão enfrentada em 2014 e 2015. A dificuldade de criação de vagas foi tão grande que até os empregos temporários de fim de ano minguaram.

Segundo o IBGE, a volta das vagas temporárias para fazer frente às datas comemorativas fizeram com que a população ocupada batesse recorde e chegasse a 94,4 milhões de pessoas. contribuíram para a queda no desemprego no mês passado as vagas temporárias abertas no comércio para fazer frente às datas comemorativas de final de ano. Com isso, a população ocupada chegou ao recorde de 94,4 milhões de pessoas.

“Ficamos dois anos, em 2015 e 2016, sem ter a sazonalidade já que não havia geração de postos suficiente para atender à demanda por trabalho. Agora, o comércio mostra movimento positivo no trimestre fechado em novembro, o que achamos que está relacionado às datas comemorativas como Black Friday e a antecipação de compras de final de ano”, explica a analista da pesquisa do IBGE, Adriana Beringuy.

Do total total de empregos gerados, 338 mil empregos no comércio, 204 mil no setor de alojamento e alimentação e 180 mil na construção. O destaque negativo ficou por conta da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, que fechou 198 mil vagas.

Carolina Santos, 24 anos, foi beneficiada pela volta da sazonalidade das vagas temporárias no comércio. Desempregada há três meses ela conseguiu uma vaga de vendedora na rede de vestuário Cattan, no Centro do Recife. “Eu comecei a trabalhar em novembro e venho conseguindo bater a meta diária de vendas e ter uma boa relação com os clientes e meus colegas. Minha expectativa é conseguir uma vaga permanente aqui na loja, mas se for dispensada em janeiro, quero juntar o dinheiro do período de trabalho na Cattan e mais algum que tenho guardado para colocar um negócio de venda de roupas pra mim”, adianta Carolina, dizendo que quer aproveitar sua experiência na área de vestuário.

A queda na taxa de desemprego foi acompanhada por aumento de 1,1% na geração de empregos com carteira de trabalho, o maior crescimento desde o trimestre encerrado em maio de 2014. Foram 378 mil pessoas a mais com carteira, totalizando 33,4 milhões de trabalhadores nessa categoria. No confronto com o trimestre de setembro a novembro de 2018, houve expansão de 1,6% (acréscimo de 516 mil pessoas).

INFORMALIDADE

Apesar da melhoria da carteira, a informalidade continuou a crescer. No trimestre analisado foi registrado aumento de 1,2% dos trabalhadores por conta própria. O total de informais bateu o recorde de 38,8 milhões de pessoas no País. “Esse movimento da carteira é positivo, mas não é suficiente para uma mudança na estrutura do mercado de trabalho. A despeito dessa reação, durante todo o ano houve crescimento nas categorias relacionadas à informalidade, como conta própria e empregado sem carteira”, alerta Adriana Beringuy.

O vendedor de rua, Jonathan Remersson, 29 anos, conhece bem a informalidade. “Eu já trabalhei de carteira assinada, mas faz uns cinco anos que saí. O último emprego durou três anos, era de servente de pedreiro. De lá para cá, venho me virando. Não acha emprego, não. Você vem aqui na agência do trabalho e nada, mas não dá para deixar faltar as coisas em casa, né? Tenho duas filhas e minha esposa, então vou vendendo as coisas na rua, é assim que sobrevivo”, conta, dizendo que mora em Olinda e vem todo dia para o Centro do Recife, onde circula vendendo salgadinhos e cremosinhos nos ônibus.

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