As exportações partindo de Pernambuco sofreram uma queda de 30,3% em 2019, comparado a 2018. No ano passado, o Estado vendeu US$ 1,3 bilhão, contra US$ 2 bilhões em 2018. A queda foi acentuada em relação ao recuo de 6,4% nas exportações nacionais.
A principal justificativa para tamanha disparidade entre os cenários seria a dependência do mercado local em relação à Argentina, país vizinho que enfrenta uma forte crise econômica, mas que é o principal cliente internacional para os produtos pernambucanos. No entanto, no âmbito nacional, os hermanos são apenas o quarto na lista dos importadores de produtos brasileiros, atrás de China, Estados Unidos e Países Baixos (Holanda).
Em 2018, a Argentina ficou com 33% das exportações pernambucanas, seguida de EUA (16%) e Holanda (10%). Já em 2019, por causa das intensificação da crise no vizinho, os empresários locais precisaram buscar diversificar o mercado e reduzir a dependência. Mas a Argentina seguiu à frente na lista dos principais clientes, com 22% do total de exportações, seguida de EUA (17%) e Holanda (10%).
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No ranking, destaca-se a subida de países como Singapura, que saiu de 2,8% para 6%, e México, saltando de 3,2 para 5,9%. Para o professor de Economia Internacional da UFPE, Ecio Costa, a diversificação de mercado é saudável e necessária. Mas ele avalia que esse movimento tem sido menor e menos agressivo do que poderia ser. "Vejo associações como a Valexport buscando, assim como um braço do Sebrae e um braço da AD Diper, mas não vejo o governo do Estado abraçando a causa. Parecem iniciativas isoladas", avalia Costa.
Na visão dele, para enriquecer as relações internacionais e prospectar clientes, é preciso investir na participação em eventos internacionais, missões comerciais, incentivar a cultura exportadora dos produtores. "É um conjunto de fatores. Tem que produzir bem, ter logística. A vantagem geográfica já existe. Os custos no Porto de Suape podem ser revistos, por exemplo, para aumentar a competitividade lá fora", comenta.
Para a secretária-executiva de Política de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Maíra Fischer, o Estado tem se empenhado em garantir novos negócios e o fortalecimento das trocas comerciais com Singapura e México já são reflexo disso. “Em 2019 criamos uma câmara setorial de logística para entender os gargalos e fortalecer o mercado que já é exportador”, conta. Ela diz ainda que outros países vêm se tornando parceiro comerciais mais frequentes, como Peru e Uruguai.
Mudança no ranking dos produtos mais exportados
Com a diversificação dos clientes, há a ampliação da cartela de produtos vendidos. Se em 2018 o campeão eram os óleos combustíveis, responsáveis por 33% dos negócios, em 2019 essa participação caiu para 14%. Os automóveis de passageiros sofreram uma pequena redução, de 19% para 17%, mas se sagraram os campeões no ano passado.
"Mesmo com a crise na Argentina, a venda de veículos conseguiu manter um bom padrão. O mercado se adapta. Em 2019 a resina PET teve um salto de exportação", pondera Maíra. Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o México passou a comprar US$ 44 milhões em veículos, quando antes gastava US$ 27 milhões. Junto com a Colômbia e o Uruguai, os mexicanos também investiram na resina PET. Já Singapura foi um grande consumidor dos óleos combustíveis que saíram de Pernambuco.
Principal exportadora de veículos no Estado, por causa da fábrica no polo automotivo em Goiana, a Fiat Chrysler Automóveis (FCA) confirma que buscou diversificar o mercado, investindo nos consumidores brasileiros e latino-americanos. "Para um mercado latino-americano que alcançou 4,18 milhões de unidades em 2019, a FCA comercializou cerca de 580 mil veículos em 2019. Este volume de vendas corresponde a uma participação de mercado de 13,9% e a um ganho de 1,1 ponto percentual de participação em relação a 2018", disse em nota.
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