Indústria naval

Saiba quem são os credores do Estaleiro Atlântico Sul

Pedido de recuperação judicial tenta equacionar uma dívida de R$ 1,38 bilhão

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 31/01/2020 às 21:42
Foto: Arnaldo Carvalho JC Imagem
Pedido de recuperação judicial tenta equacionar uma dívida de R$ 1,38 bilhão - FOTO: Foto: Arnaldo Carvalho JC Imagem
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Depois de entrar para o grupo de empreendimentos navais que pediram recuperação judicial no Brasil, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) estima que dentro de um prazo de dez dias a 1ª Vara Cível da Comarca de Ipojuca se posicione sobre a demanda protocolada na última quinta-feira (30). Se for aprovado pela juíza Ildete Veríssimo de Lima, o Grupo EAS terá um prazo de 60 dias para elaborar - junto com os credores - o plano de recuperação judicial que pretende reestruturar uma dívida de R$ 1,38 bilhão. O desafio será - diante do colapso da indústria naval em todo o País - encontrar atividades geradoras de receita para viabilizar o plano.

Na extensa lista de credores do Atlântico Sul estão, principalmente, fornecedores, instituições financeiras e trabalhadores. O processo está sendo acompanhado pelos escritórios E. Munhoz Advogados e Matos Advogados e pela RK Partners. O BNDES é o maior credor, com R$ 1 bilhão a receber, mas no rol dos bancos também aparecem Caixa Econômica Federal, Bradesco e Banco do Brasil. A lista traz, ainda, a ex-acionista e parceira tecnológica Samsung Heavy Industries e fornecedores de serviços de saúde, telecomunicações, construção e outros.

PARA EQUACIONAR A DÍVIDA
(Alguns credores do Grupo EAS)

BNDES  - R$ 1 bilhão
Banco do Brasil -R$ 54.302.725,00
Bradesco - R$ 67.016.467,50
Caixa Econômica Federal - R$ 30.796.185,06
Mover Participações - R$ 29.246.479,82
Rolls-Royce Brasil - R$ 23.810.089,76
Samsung - R$ 2.650.690,00
Finep - R$ 1.523.605,33

Dívida total - R$ 1,38 bilhão

Fonte: Pedido de RJ do EAS

O advogado Gustavo Matos explica que apesar de o BNDES ser o principal credor do Grupo EAS, a decisão de entrar com o pedido de RJ foi motivado pela pressão de fornecedores. “Em novembro do ano passado um fornecedor entrou na Justiça requerendo um valor que a empresa não reconhece e conseguindo promover um bloqueio de R$ 50 milhões nas contas do grupo. Para evitar que o fluxo de caixa da empresa fosse prejudicado com outros credores ingressando com ações, optar pela recuperação judicial foi o melhor caminho”, afirma.

TENTATIVA

Em uma petição de 120 páginas, os assessores do EAS explicam os motivos que levaram o estaleiro a acumular prejuízos financeiros e precisar suspender as operações por tempo indeterminado desde junho do ano passado, quando foi entregue o último navio da encomenda da Transpetro. Para demonstrar a viabilidade financeira e operacional do Grupo EAS - controlado pela Camargo Corrêa e Queiroz Galvão - a petição da RJ destaca que os acionistas investiram R$ 4 bilhões no empreendimento, além de R$ 2 bilhões em empréstimos. “O grupo possui um estaleiro de primeira linha, com a mais elevada tecnologia da América do Sul e pronto para assumir novas e importantes encomendas”, diz o texto.

O pedido de recuperação judicial também dá pistas sobre alternativas para aumentar a geração de caixa do estaleiro. “O EAS dispõe de áreas ociosas, com vocação natural para projetos de infraestrutura, tais como termelétricas, refinarias, galpões logísticos, terminais, dentre outros”.

No Brasil, estão executando planos de recuperação judicial os estaleiros Enseada do Paraguaçu (BA), Inhaúma (RJ) e Rio Grande (RS). O Paraguaçu já está no segundo pedido de RJ, porque no primeiro só conseguiu saldar 25% das dívidas. O empreendimento supere ocupar a planta naval com atividades como construção de estruturas metálicas para aerogeradores (de olho na demanda de energia eólica do Nordeste), integração de plataformas FPSOs e armazenamento de produtos químicos e petroquímicos.

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