DESCONTO

Filas, alegria e alívio no bolso. Veja como foi a venda de botijão de gás por R$ 35 em Pernambuco

Classe está em greve desde o dia 1º de fevereiro contra demissões

Marcelo Aprígio e Katarina Moraes
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Marcelo Aprígio e Katarina Moraes
Publicado em 13/02/2020 às 11:26
Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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A venda de botijões de gás de cozinha por R$ 35 levou alívio e alegria para as cerca de 200 pessoas que foram à praça em frente à Escola Estadual Nestor Gomes de Moura, na Rua Boa Esperança, no bairro de Vila Rica, em Jaboatão dos Guararapes, na manhã desta quinta-feira (13). Elas foram ao local com a intenção de ganhar um desconto em um dos 200 botijões de gás de cozinha que foram vendidos pela metade do preço durante uma ação de protesto solidário do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Petróleo dos Estados de Pernambuco e Paraíba (Sindipetro PE/PB).

Para garantir a venda por um preço mais baixo à multidão que lotou a praça em Vila Rica, o sindicato distribuiu vouchers com desconto para quem estava nas fila formada desde as 8h da manhã. Quem chegou ao ato até as 11h conseguiu sua ficha e levou o botijão mais barato para casa.

Quem esteve no ato para comprar o produto aprovou a medida promovida pelos petroleiros, que estão em greve desde o dia 1º de fevereiro de 2020, e contou que o desconto ajudará nas contas mensais. Na casa do aposentado Carlos José Gomes, 66 anos, são necessários dois botijões mensalmente, um investimento de cerca de R$ 140. "Por mês, lá em casa, nós usamos quase dois botijões, porque minha esposa trabalha com doces e salgados. Agora, com esse desconto no gás, eu espero economizar", afirmou.

A economia também vai ser sentida na casa da doméstica Miriam de Souza, 66, que deve comprar carne para a família com o desconto de R$ 35 no botijão de gás. "Com o dinheiro que eu vou economizar aqui, vou comprar carne, que também está cara", contou. "Vir para aqui hoje (quarta-feira, 13), com certeza, valeu a pena", completou a idosa, que chegou ao local por volta das 9h da manhã.

No dia 7 de fevereiro de 2020, a Petrobras anunciou a diminuição em 3%, ou cerca de R$ 0,85 nos preços do GLP (gás liquefeito de petróleo), o gás usado nas residências, em botijões de 13 quilos, e no utilizado por comércio e indústria. Apesar disso, a redução parece não ter chegado ao consumidor final.

O pedreiro Josiel Batista, 54 anos, afirmou não ter percebido alteração no valor. "Eu não sabia que o preço tinha caído. Essa não chegou lá em casa de jeito nenhum. A nossa salvação foi essa promoção hoje. Eu estava trabalhando, quando percebi o pessoal vindo e pedi à patroa para vir também", disse ele.

A mesma impressão teve o operador de empilhadeira José Ferreira, 56 anos. Ele também falou que não sentiu a redução nos preços do gás. "Eu não sequer imaginava que o preço tinha baixado sexta-feira. Eu, geralmente, compro por R$ 65 e não vi essa redução. Por isso, eu vim para cá assim que soube. Se pudesse, eu compraria dois botijões", disse ele.

Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
Em protesto, a FUP e o Sindipetro realizou a venda de gás de cozinha a R$ 40 - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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A ação aconteceu no bairro de Vila Rica, em Jaboatão dos Guararapes - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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Os manifestantes distribuíram voucher de R$ 30 para 200 pessoas - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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A ação faz parte de um protesto solidário - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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A ação aconteceu também em outras capitais brasileiras - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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A venda dos botijões ocorreu na Rua Boa Esperança - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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Os petroleiros estão em greve desde o dia 1º de fevereiro de 2020 - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem

Reivindicação

A manifestação é organizada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) junto ao Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Petróleo dos Estados de Pernambuco e Paraíba (Sindipetro PE/PB) e outras entidades estaduais, contra demissões na classe.

"A greve busca chamar atenção da gestão atual da empresa para reverter as demissões de mil trabalhadores no Paraná", explica o coordenador do Sindipetro, Rogério Almeida, que teme que o cenário chegue em outras estado do país, como Pernambuco.

Segundo um levantamento da FUP, a greve nacional conta com mais de 100 unidades do Sistema Petrobras mobilizadas em, ao menos, 14 estados do País. Em Pernambuco, petroleiros montaram acampamento em frente à Refinaria Abreu e Lima, em Suape, para protestar contra as demissões e a privatização da petrolífera estatal.

De acordo com o coordenador do Sindipetro PE/PB, mostrar que é possível vender o gás de cozinha mais barato, mantendo o lucro das distribuidoras, revendedoras, da Petrobras e a arrecadação dos impostos dos estados e municípios. "Basta que o Governo Federal baixe o preço na refinaria. Não é só atacar os impostos, que sempre existiram. O gás e os combustíveis estão caros porque estamos pagando por isso em dólar, como se fossemos o mercado internacional

Rogério Almeida também contesta a relação do valor do combustível com o dólar. "Muita gente não entende de onde vem a fonte do problema [preço do combustível], que é o preço que está saindo da refinaria. Chega de seguir os preços internacionais. A gente recebe em real e a gente tá pagando combustível em dólar? É inviável", aponta.

Outras manifestações

Outras cidades do Brasil, como Salvador (BA), Belford Roxo (RJ), Manaus (AM), São Mateus (ES) e Esteio (RS) também participam do protesto solidário, que já aconteceu em Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. O combustível ofertado e a quantidade variam de acordo com a cidade.

A greve dos petroleiros

Em greve desde 1º de fevereiro, os petroleiros alegam que a medida é em "defesa dos empregos e contra as demissões em massa executadas pela empresa." A decisão pela greve foi tomada pela categoria após aprovação nas assembleias realizadas entre os dias 20 e 28 de janeiro de 2020.

Com a greve, petroleiros pernambucanos e paraibanos se unem ao movimento grevista nacional, liderados pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), em resposta ao fechamento da Araucária Nitrogenados S/A (ANSA), no polo de Araucária (PR), causando a demissão de 1000 trabalhadores, entre diretos e terceirizados.

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