Soluções Urbanas

Centro de Convenções de Pernambuco à espera de reforma

Após quatro décadas, estrutura do Centro de Convenções se deteriora e concorrentes conquistam espaço

Mona Lisa Dourado Marília Banholzer
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Mona Lisa Dourado
Marília Banholzer
Publicado em 25/11/2019 às 8:09 | Atualizado em 09/03/2020 às 1:08
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Após quatro décadas, estrutura do Centro de Convenções começa a ficar para trás e concorrentes conquistam espaço - FOTO: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Já combalido pela crise econômica, o turismo de negócios e eventos do Recife enfrenta outro obstáculo: a precarização do Centro de Convenções de Pernambuco (Cecon), que completou 40 anos de funcionamento em março deste ano. Entre as deficiências, promotores de feiras, expositores e público reclamam das instalações elétricas e hidráulicas, que costumam dar problemas durante a montagem e realização de feiras e convenções. Também há queixas sobre a climatização e estrutura das salas multifuncionais, falta de pintura e piso deteriorado, banheiros entupidos, acesso complicado ao estacionamento e até ataque de mosquitos.

A falta de modernização do Cecon já fez o Estado perder "pelo menos meia dúzia de grandes eventos" em 2019, segundo o presidente do Recife Convention & Visitors Bureau, Simão Teixeira. "Podemos perder mais, se essa requalificação não for realizada o quanto antes. Isso porque à nossa volta temos capitais com centros novos e de alta capacidade, como os de Fortaleza e Salvador", alerta.

Cecon de Salvador deve ficar pronto em janeiro de 2020. Imagem:perspectiva 3D

Não por acaso, o faturamento do Cecon pernambucano caiu 40,4% entre 2014 e 2018, de R$ 8,9 milhões para R$ 5,3 milhões. Em 2019, está em R$ 5,9 milhões. A vice-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), Gisela Latache lembra a importância econômica do segmento, que ativa uma extensa cadeia de serviços no destino. "Eleva as taxas de ocupação e gera receita para companhias aéreas, hotelaria, agências de viagem, receptivo, restaurantes, locação de veículos, espaços de eventos, empresas organizadoras, montadoras e demais serviços acessórios", enumera.

O faturamento do Cecon pernambucano caiu 40,4% entre 2014 e 2018, de R$ 8,9 milhões para R$ 5,3 milhões

A presença de um centro de convenções competitivo também é essencial para combater a sazonalidade, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco (ABIH-PE), Eduardo Cavalcanti. "Apesar do Recife ter melhorado no turismo de lazer e cultura, não é suficiente, porque os eventos ocupam a semana toda em qualquer época do ano. Além disso, esse tipo de visitante fica mais tempo e gasta mais na cidade". Em dias de evento, afirma Cavalcanti, a ocupação hoteleira da capital chega hoje a 80% durante a semana, enquanto nos sábados e domingos a média é de 55%.

Promessa é dívida

A reforma do Centro de Convenções de Pernambuco é prometida pelo governo do Estado pelo menos desde 2012, ainda na gestão de Eduardo Campos (PSB). Naquele ano, a administração estadual considerava lançar uma Parceria Público-Privada (PPP) para operação do equipamento, chegando a procurar empresas privadas. Não houve, contudo, interessados no projeto, que à época previa um investimento de R$ 1 bilhão para recuperar a estrutura existente e dobrar a capacidade do Cecon com novas construções. De lá para cá, a ideia foi reformulada algumas vezes, mas nunca concretizada.

O projeto atual, elaborado a partir de sugestões do trade, é bem mais modesto: de R$ 100 milhões, que devem ser bancados com recursos estaduais a partir de 2020. "Há previsão de que sejam liberados R$ 20 milhões já no próximo ano. Está dito, mas ainda não consta no orçamento", afirma o secretário de Turismo, Rodrigo Novaes. Enquanto a verba não chega, Novaes assegura que o Cecon tem passado por melhorias pontuais, como a limpeza da fachada e instalação de novos corrimões e gradil.

Mesmo com os entraves, o Centro consegue ter uma alta ocupação. Mas o secretário admite que os eventos são "menores e mais curtos" do que o equipamento tem potencial para receber. Somente no Pavilhão de Feiras, de 18.670 m2, a capacidade é de 30 mil pessoas. Em 2019, apenas a Fenaearte movimentou esse público.

Somente a Fenearte ocupa todo o pavilhão de eventos do Cecon Foto: Leo Motta/JC Imagem

Outro espaço que pode contribuir para aumentar o fluxo de turistas de eventos na cidade é o Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães. Sob a gestão da Prefeitura do Recife (PCR), o famoso Geraldão está em obras desde 2013, com recursos de R$ 45 milhões da PCR e do Ministério do Esporte. Deve finalmente ser entregue no próximo semestre. Além do ginásio, apto para receber competições esportivas e shows, contará com salas e auditórios multiuso. "Próximo ao aeroporto e aos hotéis da Zona Sul, será um reforço importante para a captação de eventos", acredita Simão Teixeira.

» SEMINÁRIO SOBRE TURISMO

Para debater caminhos possíveis para o turismo, o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC) realiza nesta quarta-feira (27) o Seminário Soluções Urbanas – Turismo, que reunirá especialistas, profissionais do trade, empresários, gestores públicos, estudantes e demais interessados no tema. As inscrições para o evento já estão abertas, são gratuitas e podem ser feitas até o dia 26 pelo e-mail [email protected] ou no site www.jc.com.br/seminariojc. O encontro ocorre das 8h às 12h30, no auditório do SJCC na Rua do Lima, em Santo Amaro.

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