No início do ano, um suposto interesse do Sport no atacante Luca Toni, campeão mundial com a seleção italiana em 2006, movimentou o futebol pernambucano. Inicialmente divulgada na internet, principalmente via redes sociais, a notícia logo ganhou proporções internacionais, sendo divulgada, inclusive no tradicional Gazzetta Della Sports, grande jornal esportivo da Itália. Tudo não passou de um boato. Algo que não chega a surpreender. Só este ano jogadores como Hernan Crespo (Náutico), Rivaldo (Santa Cruz) e Diego Tardelli (Sport) também foram cogitados para jogar no Estado. E, como se sabe, nenhum deles veio. De tão comum, o notícia falsa no futebol ganhou identidade própria. Passou a ser chamada de “perua”. Não há uma explicação para a criação do Dia da Mentira, comemorado hoje. Mas o futebol bem que poderia servir de inspiração.
Do jogador que simula uma contusão para não entrar em campo, ao dirigente que finge interesse em um atleta rival, passando pelo treinador que dá a escalação errada para confundir o adversário, a fraude é tão presente no universo do futebol como o drible e o gol. “O futebol é um mar de mentiras. De tudo que é dito, 80% é falso”, revelou um dirigente de um grande clube do Estado que pediu para não ser identificado.
Segundo o cartola, existem várias formas de se espalhar uma mentira no futebol. E motivos também. “Tem dirigente que dá entrevista dizendo que vai contratar determinado jogador só para mostrar serviço à torcida. Ele pode também fingir interesse em um determinado atleta que está negociando a renovação com um clube rival, para que esse clube aumente o salário do jogador. Isso é bem comum”, afirmou. “Além disso, há muitos empresários que plantam notícia na imprensa para colocar o jogador na vitrine. A imprensa também tem muita culpa nesse festival de engodos que é o futebol. Um jornalista ávido por um furo e que não checa a informação é um ótimo canal de boatos”, destaca o cartola, que garante, nunca mentiu. “Posso ter omitido alguma informação, mas mentido nunca.”
No cotidiano do esporte, uma mentira pode ser utilizada como arma para ludibriar o rival. Ex-jogador do Sport e atualmente técnico do Salgueiro, o técnico Neco reconhece que ser 100% sincero é quase impossível. “Às vezes, você escuta uma história, sabe que é mentira, mas termina calando por não ter como provar o contrário”, afirmou Neco, que lembra de uma prática curiosa, e até comum entre alguns times do interior. “Como somos do interior, atendemos a imprensa do Recife por telefone. Mas sei de algumas histórias de treinadores que ligam se passando por repórteres só para tentar pegar a escalação do time.”