Ilha do Retiro

Clássico dos Clássicos com roteiro especial

Sport e Náutico duelam em jogo de opostos, com tabu em jogo e estreia de técnico

João de Andrade Neto e Eduardo Donida
Cadastrado por
João de Andrade Neto e Eduardo Donida
Publicado em 26/08/2012 às 8:04
Leitura:
Lateral-direito Cicinho é uma das armas do Sport
Alexandre Gondim/JC Imagem

Ainda sob os embalos da semana em que se comemorou os 100 anos de nascimento do dramaturgo, jornalista, cronista e escritor pernambucano Nelson Rodrigues, Sport e Náutico fazem neste domingo (26), às 18h30, na Ilha do Retiro, um Clássico dos Clássicos digno das mais rodriguiana das histórias. Superlativo. De um lado, o rubro-negro, vice-lanterna do Brasileirão com 14 pontos, sem vencer há nove partidas, sem fazer gol há seis e acumulando cinco derrotas seguidas. Mas que defende a honra de uma invencibilidade de oito anos sem perder para o rival em casa. Do outro, o alvirrubro, que com 23 pontos vive o seu melhor momento dentro da Série A e parece pronto para pôr fim ao incômodo jejum de triunfos no reduto rival. Para completar, o duelo marca a estreia do técnico Waldemar Lemos no comando do Leão. O mesmo Waldemar que até pouco tempo comandava o time dos Aflitos, onde fez amizades, ganhou respeito e hoje desperta a rivalidade. Se o Fla-Flu nasceu 40 minutos antes do nada, segundo Nelson, o Clássico dos Clássicos deste domingo parece ter começado mais ou menos no mesmo instante.

Como em toda semana de um bom clássico, os dias que antecederam a partida foram cercados de expectativa e mistério. Pelo Sport, Waldemar Lemos fez o que prometeu e trabalhou bastante, com ênfase em três aspectos falhos da equipe: a finalização, a condição física e o psicológico. Trabalhos de mais de três horas sob um sol escaldante no centro de treinamento do clube ou que terminaram com os refletores acessos na Ilha do Retiro deram a tônica dos treinamentos leoninos. O jeito paizão também se fez presente. Além de conversar, o treinador procurou relaxar o ambiente com treinos pouco comuns, nos quais os atletas precisavam dar cambalhotas antes de iniciar uma jogada ou pagar flexões por passes errados. Deu certo, e o estilo Waldemar caiu nas graças do elenco.

“Waldemar fez grandes treinamentos durante a semana e estamos preparados. Muitas pessoas podem pensar que esse é um momento ruim para se jogar um clássico, mas eu penso o contrário. Pra mim, esse é o momento ideal e que pode significar a nossa reviravolta dentro do campeonato”, destacou o volante Renan Teixeira, que volta a ganhar uma oportunidade na equipe.

Além de Renan, Waldemar Lemos promoveu outras mudanças na equipe. Sem poder contar com os zagueiros Ailson e Bruno Aguiar, além do volante Tobi, todos suspensos, o treinador escalou o Sport no esquema 4-4-2. Na defesa, Edcarlos forma a dupla de zaga com Diego Ivo, enquanto Cicinho e William Rocha continuam nas laterais. No meio de campo, a maior novidade é Moacir, que volta a sua posição de origem e atuará ao lado de Renan e Rithely, com Hugo sendo o único homem de criação.

No ataque (o pior do Brasileiro, com 13 gols) é onde reside o mistério de Waldemar Lemos. O treinador testou Magno Alves, Henrique, Felipe Azevedo e Gilsinho no setor. Como deve optar por uma equipe mais veloz, os dois últimos aparecem com boas chances de começar o clássico. “A gente se cobra muito. Por exemplo, Magno Alves, que é um cara mais experiente, cobra do Ruan, que é mais novo. Isso acontece com os atacantes, pois sabemos que temos que voltar a marcar para ajudar o clube”, destacou Felipe Azevedo.

Atacante Araújo é um dos artilheiros do Náutico com 6 gols
Alexandre Gondim/JC Imagem

Nos Aflitos, o clima é bem diferente. Primeiro porque o Náutico vive um excelente momento no Brasileirão: vem de duas vitórias consecutivas, sofreu apenas dois gols nos últimos cinco jogos e já alcançou a melhor campanha do clube na Série A desde que a competição passou a ser disputada no formato de pontos corridos. A segunda diferença é que o treinador Alexandre Gallo, ao contrário do rival, realizou treinos fechados à imprensa, deixando em segredo toda a preparação da equipe alvirrubra para o clássico. O esperado, no entanto, é que mesmo com tanto mistério, o treinador não inove na escalação.

“Nosso time é bem simples, não temos muito o que esconder e já encontramos nossa maneira de jogar. A semana com treinos fechados ao público e à imprensa foi muito boa para trabalharmos, inclusive porque precisamos preparar a equipe para os próximos jogos do campeonato. O clássico é apenas mais uma rodada e ainda há muito jogo pela frente”, ponderou Gallo, que terá apenas um desfalque para a partida, o zagueiro Marlon, suspenso pelo terceiro cartão amarelo.

O que pode motivar ainda mais os alvirrubros é, contraditoriamente, um retrospecto negativo. O time, apesar de  vir de boas apresentações fora de casa, venceu apenas uma partida jogando diante de torcidas adversárias. Foi contra o Atlético-GO, por 1x0, na oitava rodada do torneio.

“Realmente, mesmo estando em um momento bom, temos que melhorar nosso rendimento fora de casa. Temos muito respeito pelo Sport, mas, depois que o juiz apitar o começo da partida, não existe isso de empate ser bom. Nosso objetivo é a vitória”, contou o volante Martinez.

O cenário está montado. Os atores definidos. Resta esperar e torcer para que Sport e Náutico façam um duelo digno de uma crônica escrita por Nelson.

Leia a cobertura completa do Clássico dos Clássicos na edição de domingo do Jornal do Commercio.


 

Últimas notícias