Os únicos que parecem ainda não ter sentido todo o rebuliço jurídico envolvendo a ameaça de extinção das organizadas dos clubes de futebol pernambucanos são os próprios integrantes das torcidas. Procurados pela reportagem do Jornal do Commercio, nenhum dos diretores das torcidas Jovem do Sport, Inferno Coral e Fanáutico afirmou já ter conhecimento da ação na Justiça movida pelo promotor Ricardo Coelho na última sexta-feira, mas, pelo sim ou pelo não, preferiram não se pronunciar sobre o assunto. A única exceção foram os tricolores, que, embora também tenham sido pegos de surpresa, não demonstraram muita preocupação com o tema.
“Estamos prestes a viajar para um congresso nacional de torcidas organizadas que vai contar, inclusive, com a participação do ministro dos Esportes (Aldo Rebelo). Não estava sabendo desse pedido de extinção até o momento”, declarou o presidente da Inferno Coral, Paulo César Pinheiro. “Mas, de qualquer forma, isso aqui (a torcida) existe há vinte anos, é uma vida, uma história que não vai acabar, e não vão conseguir tirar da gente nunca”, completou, afirmando que pretende entrar em contato com o advogado da organizada e procurar encontrar a melhor maneira possível de lidar com a situação. “Talvez tentar um acordo, organizar uma defesa... Tudo depende do momento e do que for melhor para nós”, finalizou.
É a primeira vez que uma ação movida na Justiça pretende acabar definitivamente com as torcidas organizadas em Pernambuco. Não é novidade, no entanto, a preocupação de autoridades e do próprio Judiciário sobre o tema. No ano passado, os rubro-negros da Jovem tiveram acesso negado a algumas partidas do Brasileiro da Série B após depredarem um ônibus da equipe, no estacionamento da Ilha do Retiro. Este ano, a organizada voltou a ser vetada de alguns jogos, dessa vez juntamente com a Inferno Coral. A decisão deixou as torcidas de fora dos dois jogos da decisão do Pernambucano, entre Santa Cruz e Sport.
