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Gremista admite injúria racial em depoimento à polícia

Patrícia deixou a delegacia chorando e foi criticada aos gritos pelos manifestantes que exigiram um pedido de desculpa

Karol Albuquerque
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Karol Albuquerque
Publicado em 04/09/2014 às 13:59
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Patrícia deixou a delegacia chorando e foi criticada aos gritos pelos manifestantes que exigiram um pedido de desculpa - FOTO: Foto: Reprodução
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Um dia após o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) excluir o Grêmio da Copa do Brasil, a torcedora Patrícia Moreira da Silva, de 23 anos, flagrada pelas câmeras da ESPN chamando o goleiro Aranha, do Santos, de "macaco", prestou depoimento na 4ª Delegacia de Porto Alegre, nesta quinta-feira (4).

Ao chegar acompanhada do advogado e do irmão, sob forte proteção policial, Patrícia mostrou abatimento e não falou com a imprensa. Enquanto prestava depoimento, jovens do movimento União de Negros pela Igualdade (Unegro) protestaram com faixas e gritos e pediram que o caso não se configure injúria racial, mas racismo. 

"Este fato apenas evidenciou o que sempre existiu, mas para algum era uma situação velada. O racismo é latente e ela deve ser punida com vigor", declarou a presidente do grupo, Flaviana Santos de Paiva, enquanto segurava uma faixa com a frase "rebele-se contra o racismo".

Após uma hora, Patrícia deixou a delegacia chorando e foi criticada aos gritos pelos manifestantes que exigiram um pedido de desculpa, fato que não ocorreu. De acordo com o delegado Cleber Ferreira, titular da Delegacia regional de Porto Alegre, a gremista alegou que não faz parte de nenhuma torcida organizada. 

"Ela não nega ter proferido a palavra (macaco), mas alega que não teve a intenção de ofender o goleiro. Segundo a torcedora, a atitude foi no embalo da torcida que exalta cânticos com este teor", disse, ao explicar que injúria racial pode resultar de 1 a 3 anos de prisão, mas o inquérito ainda está em andamento.

ENTENDA O CASO - A partida entre Santos e Grêmio, em Porto Alegre, no dia 28 de agosto, foi interrompida aos 42 minutos do segundo tempo quando o goleiro do time paulista, Aranha, informou o árbitro que estava sendo vítima de ofensas racistas. O jogador gesticulou mostrando que alguns torcedores, que, além de gritar, imitavam gestos típicos dos macacos para ofendê-lo.

Imagens de televisão confirmaram que pelo menos uma torcedora - Patrícia Moreira - gritava a palavra "macaco" para o goleiro santista, além de um grupo de gremistas que entoava "uh, uh, uh" na direção de Aranha. Tão logo o vídeo com a imagem da torcedora caiu nas redes sociais, Patrícia, segundo familiares, teria recebido ameaças de morte e estupro pelo Whatsapp e teve que sair de casa, já que o local foi alvo de apedrejamento, e pedir abrigo na residência de familiares fora de Porto Alegre, onde reside.

Junto com Patrícia, outros torcedores estão sendo investigados por injúria qualificada, enquanto o Grêmio, além da exclusão da Copa do Brasil, recebeu uma multa da Terceira Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) no valor de R$ 54 mil pelo papel higiênico arremessado a campo na Arena e também pelo atraso para voltar para o segundo tempo da partida.

Os gremistas identificados pelas ofensas foram proibidos de frequentar estádios de futebol por 720 dias. Ainda assim, a diretoria do clube gaúcho já informou que pretende recorrer da decisão.

O árbitro Wilton Pereira Sampaio e os auxiliares, denunciados por não terem relacionado a injúria racial na súmula de jogo, também foram condenados: o juiz Wilton Pereira de Sampaio foi suspenso por 90 dias e multado em R$ 800. Os auxiliares e o quarto árbitro foram suspensos por 60 dias e devem pagar R$ 500. Luiz Cunha Martins, delegado da partida, não recebeu punição.

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