Na Escócia, a rivalidade entre Celtic e Rangers ultrapassa os limites das quatro linhas. Na religião e até na política, o clássico "Old Firm" se faz presente. Nesta quinta-feira (18), dia do referendo que decidirá se o país se tornará independente após 307 anos de união com a Inglaterra, alviverdes e alvicelestes tem opiniões distintas, misturando política e futebol em um dia que pode ser histórico para os escoceses.
A torcida do Celtic é, em sua maioria, a favor da separação. A equipe, de origem católica, representa a parcela da população republicana do país, insatisfeita com a aceitação da identidade britânica na Escócia. Como exemplo, no dia 16 de agosto deste ano, na partida contra o Dundee United, cerca de mil torcedores do alviverde levantaram placas com a palavra “sim” aos 18 minutos, lembrando o dia do plebiscito.
Pela origem ligada aos costumes britânicos, os torcedores do Rangers representam a parte protestante da Escócia e são contra a seperação do país ao Reino Unido. Para os alvicelestes, o sim no plebiscito seria uma atentado a identidade nacional da equipe. Nas partidas, os fanáticos pelo Rangers colocam em suas bandeiras a imagem da Rainha da Ingleterra e cantam o hino do Império Britânico.
Caso a Escócia se torne independente, há menos de dois anos para as Olimpíadas Rio-2016, os escoceses dificilmente conseguiriam formar uma equipe independente. Isso porque a seperação só iria se tornar oficial em março de 2016, cinco meses antes da competição. Em Londres-2012, 55 atletas da Grã Bretanha eram do país, com sete deles conquistando a medalha de ouro.
No futebol, poucas coisas devem mudar. Mesmo antes da possível separação, os escoceses já possuiam liga nacional e disputavam as Eliminatórias da Copa do Mundo como país independente. Porém, o "sim" no reverendo pode acabar com um sonho antigo de Celtic e Rangers: entrar na Premier League, primeira divisão do futebol inglês.