Com o fim da operação Gol de Placa, a Polícia Civil agora procura marcar um novo tento contra as torcidas organizadas do Estado, ao investigar o fluxo financeiro delas. Após a prisão do presidente da Torcida Jovem do Sport, Mário de Azevedo Santos Júnior, conhecido como Marinho, de 35 anos, na quinta-feira, os policiais já estão analisando o caixa das torcidas, suspeitas de movimentar grandes volumes financeiros que seriam provenientes de tráfico de drogas para fazer lavagem de dinheiro.
“São centenas de milhares de reais com certeza, mas é difícil estipular esse montante de dinheiro com exatidão. Tem as contribuições dos sócios, os royalties pagos por empresas que vendem produtos com a marca delas e existe a possibilidade das drogas. Não há uma escrituração desse montante. É uma empresa verdadeiramente funcionando, mas que sobre ela não há uma investigação, então ela pode ser usada como um ponto de lavagem de dinheiro, principalmente do tráfico de drogas”, disse o delegado da Coordenadoria de Recursos Especiais, José Silvestre.
De acordo com ele, todo o caminho da droga está sendo analisado. “Que há o consumo nos encontros preliminares das partidas isso já está patente. O que estamos investigando é de onde ela vem, se passa por algum tipo de controle dos integrantes da diretoria, se são eles que fornecem, autorizam ou facilitam o acesso. A lavagem acontece quando o dinheiro do tráfico entra contabilizado como se fosse venda de camisas e bonés e sai regularizado. Há uma grande possibilidade disso ter acontecido”, explicou.
Para comprovar a grande movimentação financeira das organizadas, José Silvestre citou que Marinho é acusado por outros integrantes da Jovem de ter desviado R$ 100 mil. Ele teria se privilegiado do acesso às contas da torcida para pegar o dinheiro e fugir da polícia. O delegado informou ainda que toda a parte contábil das organizadas vai ser levantada.
“Já existe uma investigação específica sobre o fluxo financeiro, mas se vamos ter elementos comprobatórios ou até onde podemos chegar, ainda não sabemos. Isso vai depender de um trabalho feito necessariamente em conjunto com a receita estadual, a receita federal e outros órgãos, todos trabalhando em parceria, porque precisamos rastrear tudo. É uma linha tênue, um trabalho muito criterioso e difícil, mas já está em andamento”, garantiu o delegado.