Apesar do terremoto que sacudiu o futebol mundial, o suíço Joseph Blatter, presidente da Fifa desde 1998, tem tudo para ser reeleito para um quinto mandato nesta sexta-feira (29), em meio a um congresso que promete ser conturbado.
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Na quarta-feira (27), sete altos dirigentes que viajaram a Zurique para participar do evento foram detidos, a pedido da justiça americana, com suspeitos de corrupção, e documentos foram apreendidos na sede da entidade, num caso distinto, envolvendo as escolhas da Rússia e do Catar para sediar as Copas do Mundo de 2018 e 2022.
A Uefa pediu o adiamento da eleição, mas a agenda confirmou a agenda do congresso.
Presidente da confederação europeia, o ex-craque francês exigiu nesta quinta-feira a renúncia de Blatter, e voltou a apoiar publicamente o candidato de oposição, o príncipe jordaniano Ali Bin Al Hussein.
O escândalo levantou sérios questionamento sobre a capacidade do suíço se manter no cargo diante de tal crise de credibilidade.
Nesta quinta-feira, muitas manchetes de jornais tinha Blatter como principal alvo, apesar do cartola não ter sido, no momento, vinculado diretamente aos casos de corrupção.
"Saia!", afirma o jornal alemão Bild na primeira página, com uma foto do suíço.
Na última eleição, a Fifa já tremeu na base, quando o catariano Mohamed Bin Hammam, então presidente da Confederação Asiática, retirou sua candidatura de última hora, antes de ser banido para sempre do futebol por ter comprado votos. Desta vez, porém, a situação é bem mais crítica.
'Nova liderança'
Para tentar isentar o presidente de qualquer vínculo com o escândalo, o diretor de comunicação da Fifa, Walter De Gregorio, e fez questão de salientar que a entidade é "vítima" neste processo e que o suíço "não está envolvido".
Blatter participou, na manhã de quinta-feira, de uma reunião de emergência com os seis presidentes das confederações que integram a Fifa, e fez poucas horas depois um breve discurso na abertura oficial do congresso.
"Os suspeitos presos trazem vergonha e humilhação ao futebol e os eventos de quarta-feira causaram uma sombra sobre este congresso", lamentou o suíço que, por outro lado, se defendeu ao alegar que não pode "vigiar todo mundo".
Na quarta-feira, o príncipe Ali alertou que "não é possível continuar com esta crise na Fifa".
"A Fifa precisa de uma liderança que governa, guia e protege as federações. Uma liderança que aceita a responsabilidade pelos seus atos e não rejeita a culpa em outros", afirmou o jordaniano em um comunicado.
Mesmo com o apoio de Platini e a forte rejeição de Blatter na mídia internacional, Ali tem chances remotas de ser eleito, porque o suíço ainda conta com fortes apoios dentro das federações nacionais, principalmente na África, que concentra o maior número de votos.
O próprio presidente da Federação Austríaca, Leo Windtner, que como a maioria dos integrantes da Uefa, vai votar contra Blatter, reconheceu que "é muito provável" que o suíço leve a melhor no pleito.
Cada um das 209 federações tem um voto cada. A África som 54, a Ásia 46, a Concacaf (América do Norte, Central e Caribe) 35, a Oceania 11, a América do Sul 10 e a Europa 53.
Conflito Israel x Palestina em pauta
A operação policial de quarta-feira acabou ofuscando outro assunto importante em pauta nesta sexta-feira, a votação da resolução da Federação Palestina, que pediu a suspensão de Israel de competições internacionais, por "comportamento racista contra os árabes".
Membro da Fifa desde 1998, a Palestina critica restrições no deslocamento de atletas e também denuncia a criação de "cinco clubes em colônias implantadas em terras ocupadas desde 1967, clubes que participam nos campeonatos nacionais israelenses em violação ao direito internacional".
De acordo com o regulamento da Fifa, a resolução precisa ser votada por 75% dos membros participantes do congresso para ser aprovada.
O presidente da Fifa teve reuniões com o primeiro ministro Benjamin Netanyahu na terça-feira e o presidente palestino Mahmud Abbas na quarta, mas não conseguiu resolver o impasse, já que a resolução foi mantida pelos palestinos.