Escândalo

'A Fifa não é um monstro, é uma grande empresa', diz Blatter

Mesmo com crise instalada, discurso do presidente da entidade máxima do futebol teve um fluxo de alfinetadas para adversários

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Publicado em 29/05/2015 às 8:24
MARCELLO CASAL JR /Abr
Mesmo com crise instalada, discurso do presidente da entidade máxima do futebol teve um fluxo de alfinetadas para adversários - FOTO: MARCELLO CASAL JR /Abr
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ZURIQUE, SUÍÇA - Dois dias após a prisão de sete cartolas na Suíça, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, alfinetou adversários, destacou a importância de patrocinadores e pediu a "divisão" da responsabilidade pela crise na entidade. Em discurso nesta sexta-feira (29), o dirigente afirmou que, um dia, seu antecessor (o brasileiro João Havelange) classificou a entidade de um "monstro criado". "A Fifa não é um monstro, mas uma grande empresa, se transformou numa empresa muito importante. Não é um clube", disse o dirigente.

O discurso foi feito durante o segundo dia do congresso da entidade em Zurique, quando será realizada a eleição do novo presidente para os próximos quatro anos. Blatter é o favorito contra o príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein, apoiado pelos europeus.

Blatter ainda provocou adversários. Afirmou que provavelmente o momento da entidade seria diferente se outros países tivessem levado a sede das Copas de 2018 e 2022, numa clara alusão a Inglaterra e Estados Unidos, que perderam respectivamente esses jogos para Rússia e Qatar. O dirigente suíço e seus aliados acusam ingleses e americanos de tentarem derrubar as escolhas com denúncias de corrupção.

Para o suíço, é preciso punir individualmente os culpados e a responsabilidade pela gestão da Fifa não pode ser só dele, seguindo o tom do discurso feito na quinta-feira (28), durante abertura do encontro. "Gostaria de dividir a responsabilidade com vocês, isso é um governo. A responsabilidade é de todos na Fifa. São 209 federações, não podemos supervisionar todo mundo", ressaltou.

Ele ainda destacou a importância de patrocinadores para os eventos da entidade, assim como a relevância dos eventos da Fifa para essas empresas. Nos últimos dias, importantes patrocinadores têm cobrado uma resposta da Fifa às denúncias de corrupção.

Manifestantes a favor da Palestina foram retirados do local do encontro depois de interrompê-lo em protesto contra a permanência de Israel na Fifa. Do lado de fora, além desse grupo, um outro manifesta contra as condições de trabalho dos operários das obras para a Copa de 2022 no Qatar.

Ao todo, 209 federações têm direito a voto na eleição entre Blatter e o príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein. Pelas regras, na primeira votação quem atingir dois terços do voto vence a disputa. Caso contrário, ocorre um novo "round", bastando maioria simples para que um candidato saia vencedor.

A expectativa é que Blatter possa ter votos para levar já no primeiro turno. O dirigente suíço tem o apoio declarado das confederações sul-americana, asiática, africana e da América Central, do Norte e Caribe (Concacaf). O príncipe da Jordânia tem o apoio oficial da Uefa, que dirige o futebol europeu. Ele aposta ainda que pode conquistar mais 60 votos de fora da Europa, estimativa considerada alta pelos cartolas em Zurique.

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