Nesta terça-feira (9), o presidente da CBF Marco Polo Del Nero foi à Câmara dos Deputados prestar esclarecimentos na Comissão de Esporte da casa. Logo no início de seu depoimento, ele lamentou a prisão do ex-presidente e atual vice da CBF, José Maria Marin, na Suíça.
"São fatos sumamente graves noticiados pela imprensa, mas infelizmente atingem um grande companheiro com quem tive convívio nos últimos anos. Isso machuca muito mais. Eu participava de todos os momentos com ele. O propósito das denúncias a todos surpreendeu, e a mim também", disse Del Nero.
Com seu nome envolvido no escândalo de corrupção que levou Marin à prisão, Del Nero negou qualquer possibilidade de pedir renúncia, como fez Joseph Blatter, presidente da Fifa.
"Renuncia quem tem alguma coisa errada na vida. Eu vou até o fim, vou cumprir minha obrigação, fui eleito democraticamente cm 45 dos 47 votos, tenho obrigação com os meus eleitores. Às vezes dá vontade de ir embora, qualquer presidente de clube no Brasil quer sair correndo todo dia, mas tem obrigações com o eleitorado dele", disse.
"Não vou renunciar, vou ficar até o meu último dia de mandato", completou Del Nero.
Para o deputado João Derly (PCdoB-RS), a renúncia de Del Nero seria um "ato de coragem neste momento". O deputado Altineu Cortes (PR-RJ) também pediu a saída de Del Nero. Ambos assinaram o requerimento que convidou o dirigente para a sessão.
Na audiência, Del Nero também afirmou que as mudanças discutidas nesta semana para alterar o estatuto da CBF não são uma resposta imediata às denúncias.
"Essas mudanças que fizemos na CBF não são decorrência das denúncias. Temos um plano de trabalho. Tínhamos um planejamento. Era um projeto previsto. Já estava na minha cabeça que deveríamos fazer essa reforma. Eu via que tinha muita coisa no futebol brasileiro que tinha que mudar. Oito anos é um tempo bom para se fazer uma boa administração e passar para o antecessor, para que ele possa implementar uma nova modalidade", disse.
Questionado sobre o motivo de ter tirado o nome do ex-presidente da confederação, José Maria Marin, da sede da CBF, Del Nero afirmou que cumpriu apenas uma determinação da Fifa. "Houve uma determinação da Fifa do banimento provisório do Marin. Digamos que ele seja absolvido das acusações, o nome dele vai voltar a figurar lá na sede novamente", disse.
Del Nero voltou a negar as acusações contra si. "As investigações acontecem nos Estados Unidos. Eu não tive acesso a nenhum documento", se defendeu. "Temos que esperar o desdobramento das investigações. O que eu puder esclarecer, eu esclareço".