Às vésperas do início do Mundial de Atletismo, em Pequim, Usain Bolt admite o temor de que as notícias sobre doping, recorrentes nas últimas semanas, acabem ofuscando os resultados das provas na competição chinesa. A Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) vem sendo alvo de constantes críticas, incluindo acusações de ter encoberto casos positivos de doping em eventos como Olimpíadas e Mundiais.
"Tudo o que tenho escutado nas últimas semanas é doping, doping, doping", reclamou o velocista jamaicano. "É muito triste que, às vésperas do Mundial, não estamos falando sobre a competição que está chegando."
O jamaicano também demonstrou preocupação com as expectativas geradas sobre o seu desempenho. Bolt teme ser encarado como a grande esperança do atletismo para ofuscar as denúncias sobre doping de outros atletas.
"As pessoas estão dizendo que eu tenho que vencer pelo bem do esporte, mas há muitos outros atletas que estão correndo limpos, e eles sempre estiveram limpos em suas carreiras".
Sobre seu desempenho, Bolt garantiu estar se sentindo bem, após se ausentar de algumas provas por conta de problemas físicos neste ano. "Estou bem, gostaria de ter disputado mais provas [antes do Mundial], mas o treino está bom. Foi importante até ter me dedicado mais aos treinos do que às competições."
Bolt é novamente o grande alvo dos rivais nas provas dos 100 e dos 200 metros em Pequim, onde brilho nos Jogos Olímpicos de 2008. No fim de julho, correu duas vezes a prova mais rápida e venceu a etapa de Londres da Diamond League, com o tempo de 9s87. Ele não disputava a prova em alto nível em quase dois anos.
Tanto na eliminatória quanto na final, Bolt demonstrou que a largada segue sendo o seu ponto fraco na prova dos 100 metros. "A largada é sempre uma questão para mim. Mas acho que estou onde eu deveria neste momento [em sua preparação]. Eu só preciso ir para a pista e executar o que treinei", projetou o recordista mundial e bicampeão olímpico da prova mais tradicional do atletismo.