Antinazista, antirracista e anti-homofóbico por estatuto, o St. Pauli, clube de Hamburgo que disputa a segunda divisão do Campeonato Alemão, vai aproveitar o amistoso contra o Borussia Dortmund, na terça-feira, para tentar ajudar os refugiados que moram na cidade e nos seus arredores. A diretoria do clube denominou a partida como "Refugiados Bem-Vindos" e convidou para ela os cerca de mil imigrantes acomodados na região de Hamburgo e também os "muito dedicados voluntários".
O St. Pauli cresceu como um clube de operários, mas hoje o bairro no qual está localizado, de mesmo nome, é considerado uma região boêmia de Hamburgo. A ideia da diretoria é que as pessoas que moram nos arredores do clube se dirijam ao estádio e lá tenham contato com esses imigrantes "para mostrar a eles que suas experiências e sua cultura são bem-vindas".
Uma ação dedicada a crianças também está sendo planejada pelo St. Pauli, que já vendeu 21 mil ingressos para o amistoso. O clube, que tem uma caveira como símbolo, é considerado um dos clubes mais "alternativos" do mundo. Apesar da torcida relativamente pequena, é o quarto colocado da segunda divisão.
MAIS AÇÕES
Na quinta, o Bayern de Munique anunciou que vai doar 1 milhão de euros e criar um centro de treinamento para crianças e adolescentes quem entram no país vindo de países em guerra ou atingidos por dificuldades sociais.
"A Alemanha está experimentando um grande fluxo de refugiados nas últimas décadas. E isto apresenta um desafio especial ao estado e à sociedade. O Bayern de Munique decidiu tomar parte neste desafio e, trabalhando junto à cidade de Munique e ao estado da Bavária, vai contribuir financeiramente, materialmente e com ajuda prática", anunciou o clube, em comunicado. O centro de treinamento receberá crianças e adolescentes refugiadas, que terão acesso a aulas de alemão, equipamentos esportivos e terão direito a refeições no local. O clube também ajudará os estrangeiros através de sua fundação.
O pontapé inicial desta campanha será na partida contra o Augsburg, no dia 12 de setembro. Neste jogo do Campeonato Alemão os jogadores do Bayern entrarão em campo de mãos dadas com filhos de estrangeiros, de um lado, e crianças locais, do outro. O clube, assim, quer que o ato se torne "símbolo da integração dos refugiados" na Alemanha. Na semana passada, o Mainz convidou 200 imigrantes para assistir ao jogo contra o Hannover, pelo Alemão. Agora espera mais 400 para a partida contra o Hoffenheim, no dia 18. "Este é um momento difícil para estas pessoas. Esta é uma pequena contribuição para eles se distraírem um pouco da rotina diária", justificou o clube, em nota.
Hannover e Schalke anunciaram iniciativas semelhantes, assim como times de divisões inferiores, como Fortuna Düsseldorf e Dynamo Dresden. O Babelsberg, da terceira divisão, chegou a criar um time somente de imigrantes no ano passado, em Berlim. Em diversas partidas do Campeonato Alemão vêm sendo comum faixas de apoio aos imigrantes, com mensagens até boas-vindas.
A Alemanha vem recebendo uma quantidade sem precedentes de imigrantes neste ano. O país deve receber cerca de 800 mil refugiados somente neste ano, um aumento considerável em comparação ao ano passado. Somente na terça-feira desta semana, Munique recebeu 2 mil estrangeiros, que viajaram de trem até a cidade, bancados por doações de moradores alemães.