Corrupção

Blatter e Platini são suspensos e Fifa continua em pleno caos

Com a decisão, a Fifa afastou Blatter da presidência e nomeou como presidente interino o presidente da Confederação Africana de Futebol, o camaronês Issa Hayatou

Da AFP
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Publicado em 08/10/2015 às 15:45
Foto: Danilo Borges/Portal da Copa/ Fotos Públicas
Com a decisão, a Fifa afastou Blatter da presidência e nomeou como presidente interino o presidente da Confederação Africana de Futebol, o camaronês Issa Hayatou - FOTO: Foto: Danilo Borges/Portal da Copa/ Fotos Públicas
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Um novo terremoto abalou nesta quinta-feira (8) a Fifa, com as suspensões por 90 dias do presidente demissionário Joseph Blatter e de Michel Platini, favorito para a sucessão do suíço, que corre sério risco de não poder mais concorrer ao cargo.

Outro candidato à presidência da entidade, o sul-coreano Chung Mong-joon, foi suspenso por seis anos, e o ex-secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, demitido em setembro, também levou suspensão de 90 dias.

A Comissão de Ética da Fifa estabeleceu para Blatter, Platini e Valcke a suspensão cautelar de qualquer atividade relacionada com o futebol em níveis nacional e internacional, com efeito imediato e possibilidade de prorrogação por 45 dias.

Com a decisão, a Fifa afastou Blatter da presidência e nomeou como presidente interino o presidente da Confederação Africana de Futebol, o camaronês Issa Hayatou.

No caso de Blatter e Platini, a decisão foi motivada pela abertura no fim de setembro, pela justiça suíça, de um processo penal contra o primeiro por um "pagamento desleal" de dois milhões de francos suíços (1,8 milhão de euros) em 2011 ao francês.

Em 25 de setembro, Platini prestou depoimento à justiça da Suíça por este pagamento na condição de "pessoa que oferece informações". Segundo o Ministério Público do país, esta é uma figura jurídica "entre testemunha e acusado".

Blatter também é acusado pela justiça suíça de ter assinado um "contrato desfavorável" à Fifa com a União Caribenha de Futebol, pelo qual a entidade cedia por um valor inferior ao do mercado os direitos de transmissão pela TV para a região das Copas do Mundo de 2010 e 2014.

Para aumentar a pressão, o presidente da Federação Alemã de Futebol, Wolfgang Niersbach, pediu a renúncia imediata de Blatter.

"O futuro só pode ser construído sem o antigo presidente, sem Sepp Blatter", declarou Niersbach.

Também punido nesta quinta-feira, Valcke é acusado de envolvimento em um caso de revenda de ingressos no mercado negro.

Chung, que além da suspensão de seis anos também foi condenado a pagar uma multa 100.000 francos suíços (91.000 euros), é acusado de tentativa de favorecer seu país, a Coreia do Sul, na escolha da sede da Copa do Mundo de 2022, atribuída ao Catar. 

 

 

Blatter protesta

Blatter, por meio de seus advogados, reagiu afirmando que a Comissão de Ética da Fifa "não respeitou suas próprias regras" ao decidir pela suspensão.

"O presidente Blatter está decepcionado com a comissão porque não seguiu o código de ética e o código disciplinar que oferecem a um suspeito a possibilidade de ser ouvido", afirmou um dos advogados em um comunicado.

O texto acrescenta que a comissão baseou sua decisão em uma "má interpretação da ação iniciada pela justiça suíça".

Após a decisão da suspensão, a Fifa anunciou a substituição temporária de Blatter por Issa Hayatou.

"Por uma duração de 90 dias, Joseph Blatter não tem o direito de representar a Fifa de qualquer maneira e nem de agir em seu nome", indica a instância suprema do futebol mundial. 

Segundo o texto, Blatter foi afastado de suas funções devido a sua suspensão pela Comissão Ética. 

De acordo com o estatuto da Fifa, Hayatou assumirá o cargo como "o mais antigo vice-presidente do Comitê Executivo em função".

 

 

Platini se antecipa

Favorito para a sucessão de Blatter na eleição prevista para 26 de fevereiro, Platini, presidente da Uefa, sofreu um golpe duro, mas não perdeu a batalha em definitivo.

"A questão (a candidatura de Platini à presidência da Fifa) não está totalmente descartada. Não diz respeito ao Comitê de Ética, e sim à Comissão Eleitoral da Fifa, que vai estudar a validade", afirmou à AFP Andreas Bantel, porta-voz da Comissão de Ética. 

Poucos minutos antes do anúncio da suspensão, Platini se antecipou e depositou na sede da Fifa as cartas de apoio necessárias para a candidatura à presidência.

Agora o francês corre o risco da comissão eleitoral o declarar não elegível por vários critérios, incluindo a integridade.

Platini recebeu o apoio do comitê executivo da Uefa, que não vê, no momento a "necessidade" deixar presidência interina a seu vice-presidente mais antigo, o espanhol Ángel María Villar.

Pouco depois, o ex-camisa 10 da seleção francesa e da Juventus divulgou um comunicado no qual "nega totalmente as acusações".

"Por mais que possa ser considerada uma farsa, me recuso acreditar que (a punição) seja uma decisão política tomada de forma precipitada, para manchar uma vida dedicada ao futebol ou aniquilar minha candidatura à presidência da Fifa", resumiu o dirigente de 60 anos.

 

Disputa pela presidência

Com a suspensão de seis anos de Chung e a punição cautelar de três três meses a Platini, os dois favoritos para suceder Blatter, a disputa pela presidência da Fifa sofreu uma guinada.

Ainda permanecem como candidatos o príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein, o ídolo brasileiro Zico e o presidente da Federação da Libéria, Mussa Bility.

Além destes, o sul-africano Tokyo Sexwale, que foi companheiro de prisão de Nelson Mandela e foi nomeado recentemente diretor do comitê de vigilância da Fifa para Israel e Palestina, também pode entrar na disputa.

A dúvida agora é saber se o novo terremoto na Fifa pode provocar mudanças no panorama eleições de fevereiro.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) já lançou um apelo para que a Fifa "seja aberta a um candidato externo, com credibilidade e alta integridade".

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