Um dia depois de ser suspenso por 90 dias pelo Comitê de Ética da Fifa, o presidente da entidade, Joseph Blatter, entrou com um recurso contra a decisão, informou nesta sexta-feira (9) o jornal americano "New York Times". O periódico afirma que os advogados do dirigente argumentam que não houve direito à defesa e que a suspensão é prematura e contrária à presunção de inocência. Eles consideram que o suíço pode ser absolvido por falta de provas.
O Comitê de Ética da Fifa anunciou na quinta (8) que suspendeu das atividades do futebol tanto Blatter como o presidente da Uefa, Michel Platini, por 90 dias. Com a decisão, por exemplo, eles não podem, em tese, participar de reuniões e eventos em nome das entidades que representam. De acordo com as regras do Comitê de Ética, há um prazo de dois dias para apelação, sem direito a efeito suspensivo da decisão tomada. O prazo de 90 dias, prorrogável por mais 45, é o máximo previsto.
A suspensão acontece no momento em que Blatter vive o ápice de sua crise na entidade. Na semana passada, o cartola foi cobrado por patrocinadores a renunciar imediatamente ao cargo. Blatter foi reeleito presidente da Fifa no dia 29 de maio, mas renunciou quatro dias depois e alegou que ficaria no comando até 26 de fevereiro. Na oportunidade, renunciou em meio ao maior escândalo da história da Fifa. Autoridades dos Estados Unidos levaram à prisão de sete cartolas em Zurique, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, no dia 27 de maio.
A suspensão divulgada nesta quinta foi tomada em razão da abertura de uma investigação criminal contra Blatter por parte do Ministério Público da Suíça por supostas irregularidades num contrato de direitos de transmissão na América Central e em um pagamento de 2 milhões de francos (R$ 8,3 milhões) a Michel Platini.
Segundo o Comitê de Ética, um órgão independente conduzido pelo alemão Hans-Joachim Eckert, Blatter e Platini estão sendo investigados internamente. A suspensão de ambos pode ser prorrogada por mais 45 dias. Os dois dirigentes negam irregularidades. Dependendo da investigação, eles podem até ser banidos do futebol.
Em nota, a defesa de Blatter afirmou que o cartola ficou "decepcionado" com a decisão do comitê de afastá-lo. Argumentou que ele não teve a oportunidade de ser "ouvido" e disse que a suspensão do cargo ocorre baseada em "ações equivocadas" do Ministério Público suíço. O dirigente disse ainda que espera a chance de demonstrar que não cometeu nenhuma irregularidade.
Com o afastamento de Blatter, quem assume a presidência é o cartola camaronês Issa Hayatou, atual presidente da Confederação Africana de Futebol. Em nota, Hayatou destacou que assume apenas como presidente interino e que não será candidato em fevereiro. "Fifa permanece comprometida com seu processo de reforma e vamos continuar cooperando com as autoridades e a investigação interna", disse o cartola.