O presidente da Adidas, Herbert Hainer, não acredita que a Copa do Mundo-2006 foi comprada e se disse persuadido que a Federação Alemã (DFB) irá esclarecer as acusações de corrupção, nesta quinta-feira em declarações à emissora NTV.
"Sinceramente, tenho que dizer que não posso acreditar nisso", declarou Hainer, durante entrevista em que repassava os resultados financeiros do 3º trimestre da Adidas.
O presidente da Adidas admite que os boatos e acusações "não são bons para o futebol, para os torcedores, para todos que amam esse esporte", mas "estou persuadido que a DFB, com ajuda externa, vai se explicar neste caso e colocar tudo em cima da mesa".
"Por que motivo a DFB teria pego dinheiro emprestado? Para onde foi este dinheiro? Para quê serviu? Isso é o que todos nós, os fãs do futebol, todos os patrocinadores e a opinião pública, gostaríamos de saber", completou.
O chefão da fornecedora de material esportivo expressou sua opinião no dia seguinte à busca realizada na sede da DFB pela justiça alemã.
O escândalo estourou no dia 16 de outubro, quando a revista alemã Der Spiegel afirmou que o comitê de candidatura tinha montado um 'caixa dois' para comprar votos na Fifa.
O ministério público investiga um pagamento de 6,7 milhões de euros, que, de acordo com Wolfgang Niersbach, atual presidente da DFB, foi feito à Fifa em 2002 por Robert Louis-Dreyfus, ex-CEO da Adidas, falecido em 2009.
Ainda segunda Niersbach, o pagamento teria sido um pré-requisito para se conseguir um financiamento da própria Fifa na organização do Mundial-2006.
De acordo com a imprensa alemã, a DFB teria reembolsado o empresário por meio de uma contribuição a um programa cultural da Fifa.
Por uma Fifa mais transparente
Em defesa da Adidas, Hainer afirmou nesta quinta-feira que "Robert-Louis Dreyfus entregou o dinheiro em 2002, ou seja, um ano e meio depois de ter deixado a empresa, num pagamento que foi feito com dinheiro pessoal".
Em relação à possível renovação de contrato com a Federação Alemã, Hainer explicou que "temos como objetivo prolongar o vínculo até o primeiro semestre de 2016, mas entendo que a DFB tenha no momento outras coisas a fazer do que negociar com a gente".
O presidente da Adidas, que também é uma das maiores parceiras da Fifa, afirmou que espera que a entidade que rege o futebol mundial "coloque tudo sobre a mesa".
"Tenho certeza absoluta que a Comissão de Ética vai fazer de tudo para que a Fifa seja mais transparente. Temos um diálogo constante com a Fifa e também com as Comissões de Ética e de Reforma, na qual damos claramente nossa opinião e nossas expectativas", garantiu.
Hainer fez questão de elogiar Niersbach e o francês Michel Platini, atual presidente da Uefa e candidato à presidência da Fifa, afirmando que "os dois fizeram um excelente trabalho à frente das respectivas entidades".