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A Comissão de Ética da Fifa rejeitou os recursos apresentados pelo presidente demissionário da entidade, Joseph Blatter, e pelo presidente da Uefa e candidato ao comando da Fifa, Michel Platini, contra a suspensão de 90 dias imposta aos dois dirigentes.
Platini e Blatter foram suspensos de seus cargos provisoriamente, uma punição que terminará em 5 de janeiro, em função do polêmico pagamento do presidente da Fifa ao francês de 1,8 milhão de euros em 2011.
Para sua defesa, Platini alega que trata-se da remuneração de um trabalho de assessoria que prestou de 1998 até 2002, mas existem rumores de que o suíço teria pago este valor para impedir o francês de se candidatar à eleição de 2011.
O francês denunciou a forma com a qual o processo foi conduzido e já avisou que vai recorrer ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), com sede em Lausanne (Suíça).
Blatter, de 79 anos, foi reeleito para o quinto mandato como presidente da Fifa em 29 de maio, mas se viu obrigado a anunciar sua saída e a convocar novas eleições apenas quatro dias depois da vitória eleitoral, em meio a um gigantesco escândalo de corrupção na entidade.
"O presidente Blatter está decepcionado com a decisão de hoje, mas está determinado a limpar sua reputação", reagiu o advogado do suíço, Richard Cullen, alegando que "não existem provas de motivação ilícita no acordo entre Platini e a Fifa".
Platini, de 60 anos e ex-capitão da seleção francesa, era o principal candidato à sucessão de Blatter. Sua candidatura está 'congelada' pelo menos até 5 de janeiro, data que acabará sua suspensão provisória.
Platini corre contra o tempo
Por causa da punição, Platini não pode fazer campanha, o que fragiliza suas pretensões. A Uefa já tem um plano B, o secretário-geral Gianni Infantino, braço-direito de Platini, que deixou claro na semana passada que pretende desistir da candidatura caso o francês possa concorrer.
Enquanto isso, os advogados do eterno camisa 10 da Juventus começam a perder a paciência.
"Até agora, Michel Platini sempre quis se mostrar respeitoso dos procedimentos internos da Fifa. Mas agora, estão claramente querendo zombar de nós. Vamos deixar de ser ingênuos", avisou à AFP Thibaud d'Alès, que tinha apresentado o recurso diante do Comitê de Apelação da Fifa no dia 10 de outubro.
"Existe uma vontade de perturbar e atrasar a campanha. Até agora, era bastante sutil, agora, está totalmente escancarado. Ou então, trata-se de uma incompetência que desafia a imaginação", disparou o advogado.
Esta impaciência tem um motivo claro: Platini não tem tempo a perder. A eleição à sucessão de Blatter continua marcada apara o dia 26 de fevereiro, e, além da decisão do TAS, o francês também depende da avaliação da comissão eleitoral da Fifa, que só vai analisar sua candidatura quando a suspensão acabar.
"Os juízes que vão avaliar a candidatura são os mesmos que decidiram a suspensão", lamentou Thibaud d'Alès.
Mesmo assim, Platini não pretende desistir tão cedo. "Ele está determinado a comprovar sua inocência, e estamos preparados para mais uma luta", completou o advogado.
Na última quinta-feira, a comissão eleitoral da Fifa aprovou as candidaturas de Infantino, do xeque Salman Bin Ebrahim Al Khalifa (Bahrein), do francês Jérôme Champagne e do sul-africano Tokyo Sexwale.