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Presidentes da Conmebol e da Concacaf são detidos em novo terremoto na Fifa

Os dois dirigentes, que também são vice-presidentes da Fifa, foram presos no mesmo hotel de luxo onde aconteceu a primeira grande onda de detenções, em 27 de maio

Da AFP
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Publicado em 03/12/2015 às 14:50
Foto: Ricardo Stuckert/CBF
Os dois dirigentes, que também são vice-presidentes da Fifa, foram presos no mesmo hotel de luxo onde aconteceu a primeira grande onda de detenções, em 27 de maio - FOTO: Foto: Ricardo Stuckert/CBF
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O paraguaio Juan Ángel Napout, presidente da Conmebol, e o hondurenho Alfredo Hawit, presidente da Concacaf, foram detidos na manhã desta quinta-feira (3), em Zurique, a pedido da justiça americana, mais uma réplica do terremoto que não para de abalar o futebol mundial.

Também nesta quinta-feira, a Câmara de Investigação da Comissão de Ética confirmou que abriu uma investigação contra Marco Polo Del Nero, presidente da CBF.

Del Nero renunciou na semana passada ao cargo do Comitê Executivo da Fifa, órgão que está reunido em Zurique desde quarta-feira, motivo da presença na Suíça de Napout e Hawit.

O Brasil foi representado por Fernando Sarney, 60 anos, vice-presidente da CBF e filho do ex-presidente da República José Sarney.

Napout e Hawitt, que também são vice-presidentes da Fifa, foram presos no mesmo hotel de luxo onde aconteceu a primeira grande onda de detenções, em 27 de maio.

Na ocasião, outros sete cartolas acabaram atrás das grades, entre eles o brasileiro José Maria Marín, ex-presidente da CBF, que cumpre hoje prisão domiciliar em Nova York. Desde a prisão de Marin, Del Nero não viaja mais para fora do Brasil.

O ministério da justiça da Suíça informou que os presidentes da Conmebol e da Concacaf foram detidos como suspeitos de aceitar "propinas milionárias em troca da venda de direitos de marketing ligados à transmissão de torneios na América Latina e partida de eliminatórias para a Copa do Mundo.

Napout, de 57 anos, preside a Conmebol desde 2014, e Hawit, 64, ocupa o cargo de presidente interino da Concacaf desde maio, desde a primeira onda de detenções de dirigentes da Fifa em maio, durante a qual o então presidente da Concacaf, Jeffrey Webb, foi detido.

O Departamento Federal de Justiça (OFJ) informou que os os dois acusados se opõem a sua extradição para os Estados Unidos.

O órgão ainda vai solicitar aos Estados Unidos os pedidos formais de extradição, num prazo de 40 dias, previsto no tratado vigente entre os outros países.

A operação foi executada a pedido da justiça dos Estados Unidos, sete meses depois da primeira onda de detenções de 18 pessoas - incluindo dirigentes da Fifa - por fraude, corrupção e lavagem de dinheiro. 

De acordo com o estatuto da Conmebol, o uruguio Wilmar Valdez vai assumir a presidência como interino, na qualidade de primeiro vice-presidente da entidade.

Já o ex-presidente da Federação de Honduras,  Rafael Callejas, disse ter conversado com Hawit, que garantiu "não estar envolvido em nada".

A Federação de Futebol dos Estados Unidos (US Soccer), afirmou, por sua vez, que nenhum dos dois dirigentes participa diretamente da organização da Copa América do Centenário, que foi confirmada para 2016, em território americano, e chegou a ser ameaçada por conta do escândalo.

 

Reformas ofuscadas

A justiça americana solicitou a detenção dos dirigentes em 29 de novembro com o objetivo de iniciar o procedimento de extradição, por "atos que teriam sido em parte estimulados nos Estados Unidos e pagamentos que teriam transitado por bancos americanos".

"A Fifa está a par das ações realizadas hoje pela justiça americana. A Fifa continuará cooperando plenamente com a justiça americana dentro da lei suíça, assim como dentro da investigação realizada pelo Ministério Público suíço", afirmou a entidade em um comunicado.

As detenções começaram às 6H00 (3H00 de Brasília) no hotel Baur au Lac, o mesmo local onde ocorreu a primeira série de detenções em 27 de maio. 

Joseph Blatter, presidente demissionário e atualmente suspenso da Fifa, não está entre as pessoas procuradas em Zurique, segundo o jornal americano New York Times, que foi o primeiro a noticiar a operação.

Assim como aconteceu em maio, a operação acontece no momento em que a Fifa reúne seu comitê executivo.  Por ironia do destino, a pauta principal do encontro, que começou na quarta-feira, é justamente a questão das reformas que a entidade precisa lançar para sair da crise e recuperar a credibilidade.

O presidente interino da Fifa, o camaronês Issa Hayatou, que assumiu em outubro, quando Blatter foi suspenso por 90 dias pela comissão de ética, disse em entrevista coletiva que "os eventos mostram a necessidade de reformas".

Já o suíço François Carrard, presidente da Comissão de Reformas da Fifa, vê a crise atual como "uma oportunidade única para iniciar uma nova era".

 

Limite de mandatos

O Comitê executivo aprovou nesta quinta-feira por uninamidade a primeira grande medida neste sentido, a limitação a 12 anos acumulados dos mandatos do presidente, e dos membros do próprio comitê, assim como uma maior transparência dos salários dos principais dirigentes.

O programa também visa a reforçar o controle dos membros do Comitê Executivo e um reequilíbrio dos poderes da presidência da Fifa.

Não foi tomada nenhuma decisão, porém, em relação ao limite de idade do presidente, enquanto a comissão tinha sugerido num relatório anterior a idade de 74 como máxima para se exercer o cargo.

Blatter, de 79 anos, está no cargo desde 1998, e foi reeleito pela quarta vez no dia 29 maio, mas acabou colocando o mandato à disposição quatro dias depois, diante da forte pressão internacional, em meio ao escândalo causado pela primeira onde de detenções.

As próximas eleições estão marcadas para o dia 26 de fevereiro, e o favorito, Michel Platini, presidente da Uefa, teve sua candidatura 'congelada'.

O ex-craque francês foi suspenso por 90 dias, como Blatter, por ter recebido um pagamento suspeito de 1,8 milhão de euros em 2011, por um trabalho de consultoria concluído em 2002.

A Uefa já tem um plano B caso Platini não possa continuar na disputa, o suíço Gianni Infantino, secretário-geral da entidade.

Os outros candidatos são o príncipe jordaniano Ali Bin Al Hussein, que levou Blatter ao segundo turno na última eleição, o xeque Salman Bin Ebrahim Al Khalifa, do Bahrein, presidente da Confederação Asiática, o sul-africano Tokyo Sexwale, ex-companheiro de cela de Nelson Mandela, e o francês Jérôme Champagne.

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