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Apesar de o Comitê de Reformas criado pela CBF nesta quinta-feira (18) ter pelo menos dez dos 17 nomes ligados de alguma forma à entidade, o secretário-geral Walter Feldman - escolhido presidente do grupo - considera que o órgão será totalmente independente para sugerir mudanças na organização do futebol brasileiro. Dentre as funções do comitê está a mudança do estatuto da CBF, a implementação de um código de ética e até mesmo alterações no calendário do futebol brasileiro.
A constituição do comitê contou com a consultoria da Ernst & Young, que sugeriu que os integrantes que não tivessem vínculo direto ou indireto com a CBF fossem remunerados. Oficialmente, a entidade afirma que apenas dois dos 17 membros pertencem à confederação (além de Feldman, o diretor-executivo Rogério Caboclo), mas dez deles não receberão os honorários - o valor irá girar entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.
"Relação com a CBF quase todo mundo tem, é muito difícil não ter na medida que ela organiza todo o sistema do futebol. Mas a relação que existe não é uma relação que descaracteriza a independência das pessoas. Impede o pagamento, mas não tira em absoluto a liberdade de manifestação ou expressão. Da diretoria da CBF, são só dois", declarou Feldman. A explicação para dez membros não receberem pagamento é "excesso de zelo".
Os nomes escolhidos vão de ex-jogadores da seleção, passando por advogados, a dirigentes de federações. Feldman afirmou que a nominata foi construída ao longo dos últimos meses, sem dizer quem apontou os integrantes.
"Aqui dentro da CBF, com todo esse trabalho que vem sendo realizado desde o início da gestão, contatamos as pessoas e interpretamos a contribuição de cada uma, mas nós não podíamos, pelo caráter tenaz e de sigilo, fazer um debate em cada instituição ou segmento, porque isso tiraria a possibilidade de implantarmos com o tempo necessário e o sigilo adequado", disse. "São figuras que, na nossa avaliação, tem uma postura permanente de contribuição."
ESTATUTO - O comitê irá trabalhar na reforma do Estatuto da CBF e na implementação do Código de Ética e do Comitê Disciplinar do Futebol Brasileiro. Licenciamento de clubes, calendário, responsabilidade social, futebol feminino e categorias de base também serão debatidos.
Cada um desses temas terá um grupo de trabalho diferente. A mudança de estatuto ficará a cargo de uma equipe que conta com dirigentes de federações, e será capitaneado por Edinaldo Rodrigues, que preside a federação baiana.
"Dirigindo a Federação Bahiana de Futebol eu fui um dos mais ferrenhos críticos ao estatuto, não só da CBF, mas também de muitas federações. Acho que (temos que aproveitar) uma oportunidade desta, com um comitê tão eclético", afirmou Rodrigues.
"Um dos primeiros pontos que eu procurei saber é se é pra valer, e tudo o que vai ser colocado vai ser referendado. O presidente Antônio Carlos Nunes, quando abriu os trabalhos, falou 'estou delegando ao comitê todo o trabalho e chancela para fazer essas mudanças'", insistiu.
O comitê de reformas já conta com um site específico no portal da CBF (https://www.cbf.com.br/comitedereformas). Lá, é possível encontrar os temas que serão debatidos e enviar sugestões. O grupo deverá se reunir uma vez por mês na CBF, e a cada duas semanas por videoconferência.