A Fifa congelou todo o repasse de dinheiro para a CBF até que uma reforma na entidade brasileira seja feita, a situação de seu presidente seja esclarecida e controles independentes sejam realizados. Pessoas próximas à cúpula da entidade internacional revelaram ao jornal O Estado de S. Paulo que a situação sul-americana é "a mais dramática" entre os membros afetados pelo escândalo de corrupção e que, desde as prisões de cartolas em maio de 2015, "nada mudou" na CBF.
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A decisão não tem uma relação com a escolha de Gianni Infantino como novo presidente, que terá um poder limitado de influenciar as decisões do Comitê de Auditoria Independente. Como o jornal O Estado de S. Paulo revelou em sua edição da última quinta-feira, a CBF será obrigada a publicar suas contas, revelar detalhes de seus gastos e ser auditada. Além disso, o Comitê de Ética da Fifa prepara desde janeiro uma punição "exemplar" a Marco Polo del Nero, presidente licenciado da CBF, e denunciado por corrupção nos Estados Unidos.
Mas, enquanto uma decisão não vem, a opção encontrada pela Fifa foi a de estrangular qualquer fonte extra de recursos. A CBF não depende do dinheiro da entidade em Zurique, que de fato bloqueou os repasses a todas as confederações envolvidas nos escândalos de corrupção. Mas enquanto entidades como a Concacaf já se reformam e mudam sua estrutura, a Conmebol e a CBF caminham em passos lentos neste sentido. Para complicar, a CBF tem como presidente interino uma pessoa que não toma decisões, enquanto Del Nero, o presidente de fato, não pode deixar o Brasil sob o risco de ser preso.
Já em dezembro, a Fifa decidiu interromper qualquer tipo de relação financeira com a CBF e vai ainda impedir que parte das promessas de Infantino sejam cumpridas. O suíço, que venceu as eleições na sexta-feira, havia indicado que repassaria US$ 5 milhões (R$ 19,9 milhões) a cada federação nacional logo no discurso de posse: "esse dinheiro é seu".
Os recursos que a Fifa enviaria para a Conmebol também foram congelados. Prova que a entidade sabe que não tem direito aos recursos é que ela jamais se queixou do bloqueio, que podem chegar a US$ 10 milhões (R$ 39,9 milhões) por ano. Neste sábado, membros da Fifa questionaram o presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, sobre quando viriam as reformas e ficaram sem resposta.
Mas é o dinheiro do fundo da Copa do Mundo de 2014 que mais preocupa a Fifa. A entidade prometeu US$ 100 milhões (R$ 399 milhões) ao Brasil. Mas, por enquanto, enviou US$ 8 milhões (31,9 milhões) e congelou o restante. A promessa de pessoas envolvidas com o processo é de que vão "sentar sobre o dinheiro" para pressionar por mudanças.
A falta de um comitê de ética na Conmebol ou regras na CBF sobre o comportamento dos dirigentes preocupam a Fifa. A entidade defende que desde que a crise começou e 41 pessoas foram indiciadas apenas a América do Sul não se mexeu.