Foi o fim trágico de um sonho que não era mais apenas de um clube, de seus atletas ou da pacata Chapecó, cidade do interior catarinense localizada a 555 km de Florianópolis e com pouco mais de 200 mil habitantes. A campanha teve ares de heroísmo na Sul-Americana, com a eliminação de potências do Continente como os argentinos Independiente e San Lorenzo. Este último, graças a uma defesa salvadora do goleiro Danilo com o pé direito aos 49 do 2º tempo. Por tudo isso, a Chapecoense virou sensação Brasil afora nos últimos meses. Tornou-se uma espécie de segundo time do coração de muitos torcedores e modelo de organização. Mas a queda do avião que levava a delegação a Medellín, na Colômbia, na madrugada desta terça (29/11), colocou ponto final na história que mais parecia com conto de fadas, de um time modesto que arrancou da Série D nacional em 2009 para uma decisão continental sete anos mais tarde.
Entre os 71 mortos, dois pernambucanos: o meia Cleber Santana e o atacante Kempes, de 35 e 34 anos, respectivamente. O primeiro, nascido em Abreu e Lima, cria da base do Sport e capitão da Chape. O outro, natural de Carpina e sem passagem pelo futebol do Estado. Com eles, foram 42 vítimas ligadas ao time, sendo 19 atletas, 14 integrantes da comissão técnica e nove diretores. Também morreram no acidente 20 jornalistas esportivos brasileiros que estavam a caminho de Medellín para cobrir a decisão do torneio, dois convidados e sete tripulantes, contabilizando 71 mortes. Até o momento, havia seis sobreviventes, sendo três jogadores: o lateral Alan Ruschel, o zagueiro Neto e o goleiro Follmann.
A comoção com o acidente foi generalizada. Torcedores da Chapecoense se reuniram na Arena Condá. Crianças, adultos e idosos compartilharam a dor da tragédia em silêncio e lágrimas pelos ídolos que se foram. O presidente Michel Temer decretou três dias de luto oficial em todo o Brasil; a CBF adiou a final da Copa do Brasil e também a última rodada do Brasileirão; a Fifa, a Conmebol e até o Papa Francisco emitiram notas de pesar. Jogadores e clubes de Pernambuco, do Brasil e do mundo usaram as redes sociais para prestar suas homenagens às vítimas, assim como atletas de outras modalidades. Times da Série A iniciaram negociações para cederem atletas à Chape.
O Atlético Nacional-COL, que seria o adversário de hoje na final tão esperada, anunciou que vai solicitar à Conmebol para que decrete a Chapecoense como a vencedora da Sul-Americana. Se o pedido for aceito, será o primeiro título internacional do clube catarinense, fundado há apenas 43 anos e que conta até agora com cinco taças, todas do Estadual de Santa Catarina. Oportunidade para imortalizar os que viajaram em busca de um sonho e acabaram virando lendas!