Neymar voltou neste domingo (02) à concentração da seleção brasileira para a Copa América, onde recebeu o apoio dos companheiros em meio ao furacão midiático causado pela acusação de estupro contra o atacante, que afirma ser alvo de uma tentativa de extorsão.
De boné e camiseta preta, Neymar, que afirma ter caído em uma "armadilha", entrou em um carro assim que desceu do helicóptero e foi levado até o edifício da concentração da seleção ao lado dos companheiros de PSG Daniel Alves e Thiago Silva e do meia do Barcelona Arthur, que viajaram com ele.
"Acredito na inocência do Neymar. Acredito que não tenha acontecido nada daquilo que ele foi acusado. Tenho certeza que no que depender de nós, jogadores e comissão técnica, estaremos 100% apoiando ele para que nada disso interfira dentro de campo", defendeu em coletiva de imprensa o volante Fernandinho, de 34 anos, que disputou ao lado de Neymar as Copas do Mundo de 2014 e 2018 e a Copa América de 2015.
Os jogadores, com Neymar entre eles, foram a campo na tarde deste domingo para a primeira sessão de treinos desde que explodiu o escândalo.
No fim da tarde de sábado, diversos veículos de comunicação já publicavam a notícia de que uma mulher brasileira teria apresentado uma denúncia na Polícia de São Paulo contra Neymar por estupro, após convidá-la em meados de maio a um hotel em Paris.
Consultada pela AFP, a Secretaria de Segurança de São Paulo confirmou que uma denúncia foi registrada, mas que toda informação referente ao caso é sigilosa.
Investigação por fotos íntimas
O próprio Neymar tomou a palavra no sábado à noite divulgando um vídeo de sete minutos em sua conta pessoal no Instagram, no qual denuncia uma tentativa de extorsão, negando toda a narrativa da denúncia apresentada contra ele e expondo as supostas conversas via redes sociais que teve com a vítima durante dois meses até o dia em que se encontraram pessoalmente.
"Estou sendo acusado de estupro. É uma palavra pesada, uma coisa muito forte, mas é o que está acontecendo no momento", afirmou o jogador de 27 anos no vídeo compartilhado com seus quase 120 milhões de seguidores no Instagram.
Após afirmar que "jamais faria uma coisa desse tipo", Neymar dedicou vários minutos a mostrar a suposta troca de mensagens amorosas e eróticas por WhatsApp, entre os meses de março e maio, incluindo fotos da jovem nua ou de roupa íntima.
Segundo informações deste domingo divulgadas pela imprensa, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) abrirá um inquérito e irá intimar o jogador e periciar seu celular por divulgar fotos íntimas. Um carro da polícia esteve na Granja Comary neste domingo, mas antes da chegada de Neymar.
"A partir de agora vou expor tudo, expor toda a conversa que tive com a menina, todos os nossos momentos, que são íntimos, mas é necessário abrir e expor para provar que realmente não aconteceu nada demais", justificou no vídeo o jogador.
A primeira conversa compartilhada por Neymar é de 11 de março e a última de 16 de maio, um dia após o suposto estupro.
Segundo a denúncia divulgada primeiramente pelos sites UOL e GloboEsporte, a mulher, que vive no Brasil, afirma ter conhecido o jogador através do Instagram e, depois de várias conversas, Neymar a convidou para viajar a Paris, onde os dois se encontraram no Hotel Sofitel do Arco do Triunfo em 15 de maio.
Segundo a denúncia feita na Polícia de São Paulo, Neymar teria chegado ao encontro "aparentemente embriagado" e, após conversarem e trocarem "carícias", o atacante do PSG "se tornou agressivo e, mediante violência, praticou relação sexual contra a vontade da vítima".
- Sob pressão -
Tanto o pai de Neymar como os representantes do jogador, que negaram categoricamente qualquer delito, afirmaram que irão acionar as autoridades para denunciar a suposta tentativa de extorsão.
"Foi uma armadilha e acabei caindo, mas que isso sirva de lição daqui adiante", completou Neymar na parte final do vídeo.
O escândalo explode em um momento delicado para Neymar, que foi suspenso em três jogos por agredir um torcedor francês após a derrota do PSG na Copa da França, um incidente que também lhe custou a braçadeira de capitão da seleção brasileira.
Os episódios de indisciplina somados a uma temporada em que pouco jogou devido a uma nova lesão no pé, além da atuação sem brilho na Copa do Mundo da Rússia no ano passado, colocam Neymar sob forte pressão a poucos dias da estreia do Brasil na Copa América em casa (14 de junho-7 de julho).