No time campeão da Copa dos Refugiados e Imigrantes, neste domingo (15), na Arena de Pernambuco, estava um jogador que já se considerava um campeão só por estar vivo. Benedic Joseph. Vinte e sete anos. Há nove sobreviveu ao terremoto que devastou o seu país, o Haiti. Perdeu muito. Parentes, amigos, bens. Menos o sonho de ser jogador de futebol.
“Todos sabem que o meu país é o mais pobre da América Latina. Mesmo antes do terremoto, que mateou quase 300 mil pessoas, a situação lá já era bem precária. Depois da tragédia ficou ainda pior. Mesmo assim eu nunca tive o desejo de sair de lá. Mas eu não vi mais saída pra alcançar meu sonho de ser jogador profissional”, contou.
Ele entrou em contato com o irmão que havia se mudado para Pernambuco e conseguiu com conhecidos, em 2012, uma chance no Democrata Futebol Clube, de Sete Lagoas, em Minas Gerais, que disputa a segunda divisão do campeonato mineiro. Atuando de volante e meia, passou lá três anos, até que infelizmente teve uma grave lesão e rompeu os ligamentos da perna direita.
Como estava machucado, resolveu vir para o Recife, onde passou um ano com o irmão. “Pernambuco foi o local em que me senti mais em casa. Apesar de ser bem longe, achei aqui muitas coisas parecidas. São pessoas acolhedoras que, assim como eu, também tem a superação na história”, disse. Mesmo se sentindo bem aqui, resolveu voltar a estudar e há três anos passou a cursar administração pública, em Foz do Iguaçu. Recentemente voltou a se aproximar da sua paixão atuando por um time amador local.
Na realização do sonho dos refugiados de jogar uma partida em estádio de Copa do Mundo o tempo passa devagar. pic.twitter.com/vBLmHs7ahX
— Jornal do Commercio (@jc_pe) 15 de setembro de 2019
SONHO
Benedic recebeu o convite para voltar à sua segunda casa, Pernambuco, para atuar na Copa dos Refugiados e Imigrantes. Apesar de ser haitiano, defendeu a seleção de Cabo Verde. A camisa pouco importa para quem realizou o sonho de jogar em um estádio de Copa do Mundo. Ele não fez gol, mas conseguiu dar assistência para um. “O futebol realizou esse meu sonho e me possibilitou me expressar com a coisa que mais gosto de fazer: jogar bola”, finalizou. Feliz.