Deflagrada em 2015 pela Polícia Civil de Pernambuco para endurecer o tratamento aos crimes cometidos por membros de torcidas organizadas, a Operação Arquibancada obteve saldo de 14 presos. Entre os detidos, integrantes das uniformizadas de Náutico, Sport e Santa Cruz. Um dos últimos foi o ex-presidente da Torcida Jovem Henrique Marques Ferreira, em 2016. Todos foram encaminhados ao Centro de Observações Criminológicas e Triagem Prof. Everardo Luna (Cotel). Passados quatro anos, porém, não há ninguém cumprindo pena. Eles foram investigados por crimes como associação criminosa e porte ilegal de armas.
"Zero. Não tem ninguém preso. O problema é a legislação nossa, que é fraca. Infelizmente. Fazer o que? Tem que 'enxugar gelo', né?", lamentou o delegado à frente da Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva, Paulo Moraes, que conduziu as investigações da Operação Arquibancada.
Ele também é o responsável pelo inquérito instaurado para averiguar os envolvidos no tumulto que levou pânico à festa de 106 anos do Santa Cruz, organizada por torcedores, no Pátio de Santa Cruz. Na noite da última segunda-feira (3), integrantes de uma uniformizada do Sport invadiram a comemoração para dar início a enfrentamentos com os torcedores do clube rival.
IDENTIFICADOS
A Polícia Civil já identificou dois envolvidos, mas ainda não conseguiu outros dados de qualificação, como endereço e filiação. Por enquanto, vídeos de redes sociais são os principais meios trabalhados pela polícia. Nesta terça-feira (4), a Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva solicitou os vídeos da área à Secretaria de Defesa Social (SDS). "É um procedimento demorado, olhamos as imagens várias vezes. Então, leva algumas semanas. A qualidade dos vídeos das redes sociais está boa, mas com os da SDS ajuda muito. A perspectiva de conclusão é de 30 dias, podendo ser um pouco antes", afirmou Paulo Moraes.
Os envolvidos no tumulto da festa do Santa Cruz irão responder, principalmente, segundo o delegado Paulo Moraes, por associação criminosa, dano ao patrimônio público e lesão corporal. No primeiro caso, a pena é de 1 a 3 anos de reclusão. No segundo, cabe detenção de um a seis meses ou multa. Por fim, o de lesão corporal pode levar a pena de detenção de três meses a um ano. "Mas a pena depende, muitas vezes, deles terem envolvimento em outros crimes", destacou Paulo Moraes.