O técnico da seleção brasileira, Dunga, criticou nesta segunda-feira (16) o que classificou como "proteção" que os jogadores brasileiros têm e apontou isso como uma das causas para a pouca iniciativa para a comunicação dentro de campo.
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"Respeitamos todos os profissionais [que prestam assessoria], mas eu só converso com jogadores. Não falo com esses intermediários. Foi criada uma proteção muito grande em torno dos jogadores e eles precisam de mais iniciativa para falar", afirmou em entrevista ao canal SporTV.
Em sua segunda passagem no comando da seleção, Dunga destacou que a personalidade dos jogadores mudaram muito nos últimos 20 anos. Na opinião do treinador, isso também explica a alteração do papel do líder.
"Liderança não é ser um Dunga, que brigava em campo com todo mundo. O conceito de liderança evoluiu. Essa era uma realidade há 15 anos, mas hoje a gente tem um Neymar, que lidera de outra forma", disse.
Aos 51 anos, Dunga se considera mais maduro do que em sua primeira passagem pela seleção brasileira, entre 2006 e 2010.
"Cheguei (em 2010) e tentei mudar muitas coisas que via de errado na seleção em um período de dez dias. Às vezes não era função minha", destacou. Entretanto, o técnico afirmou que, na maior parte do trabalho, os métodos mudaram pouco.
DEFESA
Questionado sobre o retorno do goleiro Diego Alves à seleção, Dunga salientou que a convocação é consequência das boas atuações pelo Valencia. Mesmo assim, o treinador diz que Rafael, do Napoli pode retornar ao time no futuro.
"O Diego Alves vem de quatro ou cinco temporadas muito boas na Espanha. O Rafael foi chamado para ser observado pela comissão técnica. Porém, ele sofreu uma lesão no Napoli e retornou com uma certa instabilidade", avaliou.
"Tudo na seleção passa por uma análise. A gente tem um psicólogo e há gente, não apenas eu, mas toda a comissão técnica, que analisa o comportamento dos jogadores durante o treinamento. Leva-se em conta tudo, inclusive como o jogador reage à adversidade", explicou.
Nas laterais, Dunga elogiou o desempenho de Danilo pelo Porto (POR) e comentou o retorno de Marcelo. "O Marcelo não vinha bem no Real Madrid, demorou para entrar em forma, mas é um jogador de qualidade", disse. "É importante que todos saibam que ninguém cadeira cativa na seleção".
ATAQUE
Sobre o grupo que planeja formar para a disputa da Copa América e eliminatórias do Mundial, o treinador não fechou a porta para a convocação de um centroavante menos móvel.
"É preciso ter [no grupo] um jogador de imposição dentro da área, que saiba aproveitar um cruzamento", afirmou. "Tem nomes que se sobressaíram muito bem há um tempo atrás, caso do Damião."
Jogadores com idade mais avançada também não estão descartados.
"Acho que tem que aproveitar a experiência. Vai depender muito do jogador, do condicionamento físico. O Fred, no caso, tem experiência de Copa do Mundo, mas é preciso entender que tem que estar preparado. Vai depender dele corresponder dentro de campo", completou.