“O futsal de Pernambuco está de luto.” As palavras são do superintendente da Federação Pernambucana da modalidade, Luiz Cláudio, mas refletem todo o sentimento de quem trabalha com o futebol de salão no Estado após a última colocação do Tigre na Taça Brasil de Clubes, na semana passada. O resultado significou o rebaixamento de Pernambuco da Divisão Especial para a Primeira Divisão – espécie de Série B do torneio.
“Isso é o retrato de uma desorganização administrativa, técnica e financeira. Foi a pior campanha de Pernambuco na competição, nunca havíamos caído desde que se criou a Divisão Especial, e é inadmissível sair de lá sem um ponto sequer e com a pior defesa do torneio”, criticou Luiz Cláudio. De fato, o time pernambucano não conseguiu pontuar em Erechim-RS, onde foi disputada a Taça. A equipe perdeu seus quatro jogos e amargou um saldo negativo de 12 gols.
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Mas os números negativos são reflexo de um problema estrutural. Pelo menos, essa é a certeza do treinador Fabiano Chokito. O técnico, uma das referências da modalidade no Estado, comandou o Tigre por quatro temporadas, desde 2009 até o final de 2012, faturou o tetracampeonato pernambucano com os aurinegros e liderou a melhor campanha do time no torneio nacional, um vice-campeonato em 2009. “Trata-se de uma queda emblemática. Ela aconteceu dentro de quadra, o time jogou mal, mas fica um sinal de alerta para Pernambuco. Precisamos investir mais no esporte, fazer parcerias, trabalhar por pelo menos dez meses no ano, capacitar melhor nossos atletas e treinadores, e eu estou incluso nessa crítica. Cada um tem que assumir sua parcela de culpa nesse rebaixamento. Os jogadores do sul do País têm mais conhecimentos, jogam com outros conceitos e estão à frente de nós. Aqui, os atletas jogam por universidades, estudam, precisam se desdobrar para conseguir conciliar tudo. Como podem render assim?”, alertou.
Uma das principais queixas é quanto à ineficiência do futsal estadual quando o assunto é segurar seus próprios atletas. “Dos 14 jogadores do Moita Bonita (time de Sergipe que subiu este ano para a Divisão Especial), 11 são pernambucanos. Nas quatro equipes que foram para as semifinais, 21 atletas eram daqui”, lembrou Luiz Cláudio. “Foi preciso pagarmos um preço alto. Espero que sirva de exemplo para todos nós”, completou.
Fica a lição, mas o rebaixamento agora é coisa do passado. Nas próximas semanas, a diretoria do Tigre afirmou que vai se reunir e organizar o projeto para o segundo semestre. De acordo com o presidente do clube, Joaquim Ferreira Neto, pelo menos 50% do grupo será mantido, além de toda a comissão técnica, comandada agora pelo experiente Ricardo Menezes. “O foco é em reestruturar a equipe. Boa parte vai permanecer, e já estamos entrando em contato para trazer de volta jogadores que foram para outros estados do Nordeste. Eles querem voltar. Na verdade, nem deviam ter saído”, contou o mandatário do Tigre.
A equipe se prepara para disputar o Campeonato Pernambucano, no meio do ano, e a Liga do Nordeste, em outubro. “O nosso maior objetivo é buscar o pentacampeonato pernambucano consecutivo, que garante nossa vaga na Taça Brasil do ano que vem. Estando lá, lutar para voltar à elite da competição”, disse o presidente. Para tanto, outro investimento da diretoria aurinegra é a busca por uma parceria com a Prefeitura de Garanhuns para patrocinar a Primeira Divisão da Taça em 2013. “O Moita Bonita-SE fez isso este ano e deu certo. Disputar a Divisão Especial no Rio Grande do Sul foi difícil para nós, eram muitos gastos, sem contar que a Confederação Brasileira alterou seu calendário, a competição deveria ser em dezembro, como sempre foi. Tivemos um grande apoio do Governo do Estado, mas é difícil competir com as equipes do Sul, que têm folhas salariais muito mais altas e já estão todas ali perto”, finalizou Joaquim.